Frankin de Freitas – Números tiveram queda no primeiro ano da pandemia e voltaram a subir com a flexibilização

Os trabalhadores paranaenses perderam em 2021 um total de 1,4 milhão de dias de trabalho devido a acidentes laborais e o Paraná registrou no ano passado um total de 41.433 acidentes desse tipo. É o que revelam dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, os quais apontam ainda uma retomada dos acidentes laborais no estado: em 2020 haviam sigo registradas 33.220 ocorrências, número que teve um salto de 24,7% no ano seguinte, aproximando-se do patamar de registros no pré-pandemia.

Os dados, levantados pelo Observatório com base em informações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelam que nos últimos cinco anos, entre 2017 e 2021, o Paraná registrou um total de 206.460 acidentes de trabalho. Para se ter uma dimensão do que isso representa, é como se a cada dia 113 trabalhadores sofressem um acidente laboral, o que dá ainda a média de uma ocorrência a cada 13 minutos.

No período analisado, o ano com mais ocorrências no estado foi 2019, com 45.395, enquanto o já citado ano de 2020 teve o menor número de registros da série. Aquele foi o primeiro ano de pandemia do novo coronavírus e também um dos períodos com maior restrição e isolamento social e a imposição de medidas para reduzir a circulação de pessoas no país.

Assim sendo, não surpreende também que 2020 tenha sido o ano com menor número de acidentes de trabalho com óbito no Paraná (157). Em determinados momentos daquele ano, o índice de isolamento ficou bem acima de 50%, quando apenas atividades essenciais tinham circulação plena.

Por outro lado, chama a tenção o fato de 2021 ter registrado um aumento de 42,7% nesse tipo de ocorrência, com 224 registros, aparecendo como o ano com mais mortes em situações laborais do período analisado. Entre 2021 e 2017, o número de acidentes de trabalho com óbito no estado totalizou 965.

NÚMEROS

Acidentes de trabalho registrados no Paraná
2021: 41.433
2020: 33.220
2019: 45.39
2018: 44.605
2017: 41.80
TOTAL: 206.460

Acidentes de trabalho com óbito no Paraná
2021: 22
2020: 15
2019: 16
2018: 196
2017: 222
TOTAL: 965

Fratura e cortes são as principais causas de afastamento; Covid-19 cai no ranking

Os dados do observatório mostram ainda que a maior parte das notificações de acidente de trabalho trazem a situações como fratura (21%), cortes ou laceração (17%), contusão ou esmagamento (11%), distensão ou torção (7%), escoriações (6%) e luxações (6%) como os tipos de lesões mais frentes nos registros de acidentes laborais.

A Covid-19, por outro lado, chegou a ser responsável por 1,7% dos acidentes laborais em 2020, aparecendo na 10ª colocação como principal motivo para esse tipo de ocorrência. Em 2021, no entanto, a doença pandêmica foi responsável por menos de 1,4% dos registros, com um total de 564 acidentes, caindo para a 12ª posição. O número considera tanto as situações registradas, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), como ‘doenças por vírus de localização não especificada (B34) como as ocorrências classificadas precisamente como Covid-19 (U07).

Em 2021 foram gastos R$ 107 milhões com pagamento de auxílio-doença

Em 2021 foram gastos R$ 107,6 milhões com o pagamento de auxílio-doença por acidente de trabalho. Nos últimos 10 anos (2012-2021), o montante despendido pelo INSS apenas com os trabalhadores paranaenses chega a R$ 1,4 bilhão.

Os dados do Observatório revelam ainda que no ano passado foram concedidos 9.450 benefícios previdenciários (auxílio-doença) por acidente de trabalho. O número é 116% superior aos 4.371 afastamentos em 2020, uma diferença que, conforme o próprio Observatório, explica-se pela concessão de outros benefícios aos trabalhadores que requereram o auxílio-doença, resultando num movimento atípico com relação aos auxílios por acidente de trabalho.

Com isso, 1,4 milhão de dias de trabalhos foram perdidos em 2021, enquanto em 2020 esse total de dias foi de 930,9 mil. Os números dizem respeito à duração dos benefícios previdenciários concedidos, revelando, segundo o Observatório, não apenas perdas humanitárias e familiares, mas também econômicas.