Ilustração: Tita Blister

O Facebook se tornou uma rede social chata. Não são mais apenas os jovens cronologicamente reconhecidos que já não estão na rede de Zuckerberg, mas os “jovens de antigamente”, de 30, 40 e até os de 50. A bolha não se rompe e a mesmice foi instaurada. Esse tema veio à tona quando semanas atrás eu postei algo como “mais alguém de saco cheio daqui (Facebook), só mantenho minha conta por alguns grupos e trabalho”. A enxurrada de comentários e mensagens no privado foi diversa, mas em todas, pelo menos na maior parte da minha bolha, estava realmente enfadonha de “facebookear”.
Nisso veio a idéia de consultar alguém sobre esse fenômeno antissocial e entender o comportamento da rede. Fiz uma pequena entrevista com o TEDx speaker, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em Tecnologia e Inovação, Arthur Igreja.

Acompanhe aqui as principais reflexões a respeito da queda do Facebook e a ascensão do TikTok, com exclusividade para a coluna Comporte-se!

Sobre o Facebook perde seguidores – “O Facebook tem perdido usuários, mas o número de usuários não é a variável mais importante. No final do ano, o Facebook fez uma “limpa” de mais de 3 bilhões de usuários, pois eles detectaram que eram contas falsas, bots usados para manipulação e criar falsos engajamentos. Então, estima-se que o Facebook tenha uma massa de 2,8 bilhões de usuários em todo o mundo. Com isso, é possível perceber que o número de usuários em uma rede social não é um fator tão relevante. Outro ponto importante é que quando uma pessoa deixa de usar uma rede social, não necessariamente ela exclui essa conta, podendo simplesmente se tornar inativa. O Facebook tem perdido usuários sim, mas muito mais que isso, ele tem perdido engajamento e a atratibilidade que ele tinha no passado, onde as pessoas passavam o dia na rede social. Ela se tornou uma rede secundária na vida de muitos, foi substituída pelo Instagram, pelo TikTok. O tempo que as pessoas passam no Facebook foi reduzido drasticamente”, analisou Igreja.

E quando se tenta furar a bolha, especialmente nos períodos eleitorais – “O Facebook é antagônico em relação às outras rede sociais. É a terra onde as pessoas gritam, esbravejam e também os algoritmos do Facebook direcionam publicações que acabam reforçando aquilo que a pessoa já está procurando. Então, a bolha é reforçada no Facebook. Em razão disso, o Facebook é uma ferramenta que potencializa a polarização e aprisiona as pessoas dentro das suas próprias bolhas”, reforça. E o Facebook está defasado para esse tempo de comunicação – “Há 12 anos no mercado, e tem uma estrutura “velha”. Ele foi um dos precursores da barra de rolagem infinita. Foi o primeiro portal com cara de rede social. Mas hoje, em termos de design e navegabilidade, ele está mais para o Orkut do que para o TikTok, que é o grande fenômeno da atualidade”, presume Igreja. E para finalizar, ele fala sobre o TikTok, rede social com 1 bilhão de usuários e como está na mira no Marketing Digital. “Essa é a rede dos jovens, a que está tão presente no Ocidente quanto no Oriente, o que é algo difícil. Várias empresas crescem no Ocidente e não vão pra China. O TikTok é uma rede que veio da China e ao contrário de inúmeras outras soluções chinesas, foi algo que caiu no gosto dos ocidentais. No Brasil o crescimento está acelerado, tanto que a Nestlé anunciou que fará suas seleções de RH dentro do TikTok, isso quer dizer que começam a ter movimentos que acabam pressionando a ida das pessoas também para essa rede”, concluiu.

*Ronise Vilela é jornalista, escritora, poeta, criadora do @dimondicomunicacaoafetiva