É notória pelas terras das Araucárias a fama do empresário Tony Garcia. Enrolado com a Justiça Estadual e Federal, com histórico de passagens pelo setor de carceragem, amigos próximos sabem que ele é afeito a gravações. Quase um hobby. Grava-se de tudo: amigos, inimigos e até desconhecidos. Deputados estaduais, vereadores, senadores de oposição e situação. E mais recentemente até ex-governador. E por isso em quase toda a roda política pergunta-se: quem será a próxima vítima?  
Semanas antes de vir à tona o depoimento ao Ministério Público, o empresário Tony Garcia fez algumas visitas ao Tribunal de Contas do Estado. Percorreu com desenvoltura por alguns gabinetes. Conversou e tomou café com um pouco de leite. E saiu. Esteve também na sede de outros órgãos públicos. 
Após a operação Rádio Patrulha, deflagrada pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do MP Estadual, parece que alguns dos que mantiveram conversas recentes com o empresário mal conseguem dormir. E aí a fila é grande e da mais diferente estirpe.  

 A Carne da Carmem Lúcia
Com a assunção do ministro Dias Toffoli para a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), os inquéritos por ele relatados foram distribuídos e um deles carece de atenção especial de políticos e cidadãos do Paraná. Os desdobramentos da Operação Carne Fraca, que desbaratou um esquema de corrupção no Ministério da Agricultura envolvendo grandes frigoríficos do país, estão agora sob os cuidados da ministra Carmem Lúcia. Em especial a delação premiada de Daniel Gonçalves, ex-superintendente do Ministério no Paraná, que entregou todo o esquema e deu nome aos bois e aos recebedores de carne. Entre os alvos do delator estão deputados federais do MDB, um ex-ministro e um senador da República. Todos atentos à tramitação no STF e rezando para que nada aconteça até 7 de outubro – até porque o conteúdo da delação pode tirar muitas peças do xadrez eleitoral paranaense.   

Deo e Atherino no TRF4
Deve ser julgado nas próximas horas, ainda nesta quarta-feira, o pedido de habeas corpus feito pelos advogados do ex-secretário Deonilson Roldo e do empresário Jorge Atherino – ambos presos pela Polícia Federal na mais recente fase da Operação Lava Jato. Os pedidos de soltura estão na mão do desembargador federal João Pedro Gebran Neto, da 8º turma do Tribunal Regional Federal da 4º Região, em Porto Alegre – a segunda instância da Justiça Federal do Paraná. Gebran é o relator da Lava Jato no TRF4.