Elijah O’Donnell – Pexel

Um lugar, aquele grupo de pessoas, o comportamento social de onde se vive, o pensamento coletivo, tudo causa uma estranheza. Como se você vestisse uma roupa que não é o seu número, nem da cor que você gosta e muito menos o modelo que combina com seu gosto. Então, muda-se o cenário, a trilha sonora e tudo continua sem sentido. Assim pode ser descrita a sensação de não pertencimento. 

Há vários pontos de vista sobre essa consciência, e digo consciência, porque o próprio corpo sinaliza essa desconexão. Incomoda, intriga e geralmente se tenta entender os aspectos pelo modelo mental. Quando as relações interpessoais começam a ser afetadas, é preciso ficar atento sobre os indícios de antissocalização, tão comuns nesse estado “bolha”, do isolamento social imposto pela pandemia. No entanto, aquelas pessoas que naturalmente, já não sentiam a necessidade de interagir, percebem de forma mais intensa esse desalinhamento na comunicação com as pessoas.

O não pertencer, também pode ter origens aos aspectos inconscientes de memórias de não inserção da pessoa em momentos importantes. O ser não convidado, não visto, não requerido, sem importância, seja na família, no grupo de amigos, no trabalho e assim por diante. Isso exige uma investigação profissional de um terapeuta, a fim de entender com o paciente, a origem desse desligamento em looping, pois a pessoa de forma inconsciente, se percebe não inclusa em nada, por sempre ter sido tratada de tal forma.

Há teorias em que esse não pertencimento sejam lembranças remotas de uma possível vida passada, informações captadas de outras dimensões e que não fariam sentido nessa realidade.

O importante de ser observado nessa sensação, que mistura vazio profundo, certa inconformidade e em alguns casos auto questionamento sobre sua postura no mundo, é não se isolar de tal forma, que o não pertencer será um ato.

Todos nós somos sozinhos, se analisarmos o aspecto mais frio da existência humana. Sobrevivemos pelas relações humanas e múltiplas no planeta e criamos novos relacionamentos distantes, em telas, áudios, vídeos, como se isso representasse nossa intimidade.

Ainda é cedo para uma conclusão, mas há risco de não perdermos a percepção se somos reais ou imaginários.

 

*Ronise Vilela é criativa de Comunicação Afetiva, Jornalista, Escritora e Psicanalista Integrativa.

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