Ao “importar” o personagem Mário Fofoca da novela Elas por Elas (1982) para seu remake de Ti Ti Ti, a dramaturga Maria Adelaide Amaral promoveu uma bela e justa homenagem ao autor dos folhetins, Cassiano Gabus Mendes, como também ao ator Luis Gustavo. Afinal, trata-se de um dos mais queridos personagens da história da telenovela brasileira, graças à personalidade criada por Gustavo para ele, que encantou principalmente as crianças.

Detetive desastrado, que soluciona os casos muitas vezes na base da sorte, Mário Cury (ou Mário Fofoca, para os íntimos) se assemelha ao Inspetor Clouseau, genial personagem criado por Peter Sellers para os filmes da Pantera Cor de Rosa – e ambos usavam trajes marcantes: Closeau gostava de um capote e chapéu de pescador, enquanto Fofoca não abria mão de um terno quadriculado e gravata colorida.

Criado para ser um personagem secundário, Mário Fofoca logo foi adotado pelos fãs, a ponto de, no auge de sua popularidade, Gabus Mendes ter a ousadia de dedicar um capítulo inteiro da novela à sua rotina – os demais personagens se tornaram coadjuvantes.

Luis Gustavo exibe aquela rara e convincente ingenuidade, que o impede de perceber os erros que comete e, por isso mesmo, o torna tão especial.

Veterano na televisão, Luis Gustavo já marcara época ao protagonizar Beto Rockfeller (1968), novela da TV Tupi que derrubou os padrões dos folhetins, baseados em dramalhões, instituindo o humor e a rotina dos brasileiros.

A carreira de Mário Fofoca foi longa – após a novela, foi o personagem principal do filme As Aventuras de Mário Fofoca (1983), com direção de Adriano Stuart. No mesmo ano, ganhou uma série dominical que se estendeu por cinco meses, na Globo. E até foi lembrado no seriado Sai de Baixo, em 1996, no qual Gustavo também brilhava. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.