Joka Madruga/Agência PT

Três noites após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o acampamento de vigília permantente no bairro Santa Cândida quadruplicou de tamanho. Segundo o Movimento Sem Terra (MST), cerca de mil pessoas ocupam o entorno da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, em sua maioria sem-terra, mas há também sindicatos e movimentos de esquerda.

Por conta da movimentação, a segurança na região foi reforçada e o perímetro de bloqueio, expandido. Hoje, um ato político, com presença de autoridades, está marcado para acontecer a partir das 11 horas.

O acampamento já está consolidado, com refeitório, cozinha, posto de saúde, ambulância, ponto de doações, geradores de energia a gasolina e área para assembleias. 

Integrante da organização do acampamento, a professora Rosimari Gomes, afirma que doações de alimentos garantiram estoque para até 300 pessoas.

"Dependemos de doações. A comunidade, já sabendo que disparamos na rede social (o pedido de ajuda), está trazendo muitas doações, água, alimentos não perecíveis, produtos de higiene. Ficamos até surpresos com o povo poreocupado até com o Sol, doaram até protetor solar. E muito veio da comunidade aqui em volta, do Santa Cãndida. Isso mostra que a solidariedade supera barreiras", afirma a professora.

O principal problema, contudo, é sanitário. Há apenas seis banheiros químicos para atendes os cerca de mil integrantes do acampamento. E há previsão da chegada de mais pessoas nos próximos dias, o que deve sobrecarregar ainda mais. 

"Estamos tentando. Ontem tivemos dificuldade para liberar o carro pipa e a empresa para fazer limpeza. Teve uma certa dificuldade inicial, mas agora está sendo bem resolvido. Nossa esperança ´pe que tudo se resolva logo. Quanto mais os poderes instituídos puderem contribuir, menos problemas vamos ter com relação a isso", aponta Rosimari.

MUDANÇAS NA ROTINA

A presença de apoiadores no local alterou atividades da Polícia Federal e faz com que a Polícia Militar mantenha uma base de prontidão em caso de tumultos.

A PM estima em 500 o número de manifestantes. Os organizadores dizem já ter mil credenciados. Em maioria, são sem-terra, mas há também sindicatos e movimentos de esquerda.

Nos atos, costumam gritar "bom dia, companheiro Lula" ou "boa tarde, companheiro Lula", embora o ex-presidente dificilmente consiga escutar da distância onde estão. Militantes identificados como "equipe de disciplina" ficam posicionados nos limites autorizados pela Polícia Militar.

Nesta segunda-feira, estiveram lá pré-candidatos petistas, como Luiz Marinho (SP) e Celso Amorim (RJ), além da pré-candidata a presidente Manuela D'Ávila (PC do B).

São esperados ainda governadores e congressistas. Em discursos, todos falam em permanecer no local até que Lula seja solto. Marinho chamou o Judiciário de "coisa escrota", e Stédile criticou o ministro do STF Edson Fachin, conhecido por ser um antigo aliado dos sem-terra, dizendo que devia estar "no banco dos réus".

Por causa dos protestos, a PF fechou os portões da superintendência, apesar do constante movimento de cidadãos que buscam ou pedem passaportes.

A entrada no prédio só é autorizada a quem explica a situação ou mostra seu protocolo. As ruas do entorno também estão bloqueadas devido a uma decisão judicial.

Não há prazo para a PF e a PM encerrarem seus esquemas de segurança.