SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em conversa com Joesley Batista, dono da JBS e delator, o senador Aécio Neves afirmou que conseguiu nomear o presidente da Vale “manipulando, inclusive, o processo seletivo determinado pela governança da Vale, o qual deveria de forma independente buscar nome do mercado”. A informação está no anexo número 10 de Josley, sobre Aécio Neves.
O empresário relata que a irmã do senador, Andrea Neves, o procurou e sugeriu que precisava de R$ 40 milhões. Em conversa que gravou com o tucano, Joesley disse que se Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e do BNDES, fosse nomeado para assumir a presidência da estatal, ele aceitaria pagar a propina de R$ 40 milhões.
“Aí ele falou, não pode porque eu já nomeei”, relatou Joesley em depoimento em vídeo aos procuradores. “Parece que a Vale tem uma governança pra ter uma independência pra escolher presidente, mas parece que eles têm algum jeito de fraudar esse troço e virar presidente alguém com nomeação política”, emendou.
“Ele me explicou isso, disse ‘nós fizemos um treco lá que em tese é independente, mas na prática o candidato da gente acaba ganhando”.
“Ele disse que eu poderia escolher qualquer uma das quatro diretorias, que eu escolhesse e que ele botava quem eu quisesse, se fosse o Dida [apelido de Bendine] ele botava o Dida”, disse Joesley.
A conversa em que Aécio faz a revelação à Joesley foi gravada pelo delator em 24 de março deste ano. Três dias depois, Fabio Schvartsman foi anunciado o novo presidente da Vale.