Mas quem pensa que as drogas psicotrópicas são o maior mal, enganam-se. Embora signifiquem quase sempre o fim do caminho no processo de destruição causado pelo vício, o álcool é o início de tudo. Tanto é que nos Caps que a Prefeitura mantém, o álcool é de longe o principal fator de vício. Cerca de 48% dos atendimentos são por alcoolismo.  A associação de substâncias aparece com 47% dos casos atendidos e só depois aparece o uso de drogas ilícitas. A cocaína/crack está em 7% dos atendimentos e a maconha, apenas 1%.

“O álcool é o maior problema de saúde pública. E é mais perigoso ainda por se tratar de uma droga lícita, que abre as portas para outros tipos de drogas”, confirma a coordenadora do Centro de Atendimento Psico-Social (Caps) AD Cajuru, Simone Perotta.

Mas a própria existência dos Caps, embora essenciais para atender as famílias de baixa renda, não significa necessariamente que a questão possa ser resolvida. O problema das drogas e do vício é uma questão de demanda de saúde pública, mas sua raiz está na segurança pública. Se não houvesse consumo, não haveria vício, nem doentes.

Os Caps, mesmo assim, conseguem algo notável. Seu índice de sucesso chega a atingir 50%. Em nível mundial, a média é de 35%. Cada um dos Caps da Prefeitura de Curitiba atende em média de 200 a 210 pessoas mês, inclusive crianças. O acompanhamento é feito integralmente, com início, meio e fim.
“Mas percebemos que o que prejudica mesmo é a falta de estrutura das famílias, o estudo precário, a falta de uma profissão. Sem esse padrão a recuperação é mais difícil”, diz Simone.

“Enquanto a pessoa  sente satisfeita pelas ruas, ela não se mobiliza para procurar ajuda. Mesmo quando você não vê mais saída para a sua situação, você ainda nega. Aqui a gente aprende fazendo”, explica Simone. (MA)