Juliana Camargo

Um levantamento realizado no curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná revela uma mudança na concentração de pólen na capital em comparação com estudo realizado há mais de 35 anos. Os dados, que precisam ainda de detalhamento, podem afetar o diagnóstico deste tipo de alergia.

A pesquisa, realizada por Juliana Camargo durante a Iniciação Científica e o Trabalho de Conclusão de Curso, realizou a coleta diária de pólen em Curitiba no ano de 2018 e depois comparou os dados com um estudo realizado na década de 80 pelo professor Nelson Rosário Filho, que coordena o Programa de Residência em Alergia e Imunologia Pediátrica da UFPR. A comparação entre as duas coletas mostrou uma mudança nos picos de concentração de pólen na capital paranaense, o que pode impactar no diagnóstico da alergia ao pólen de quem vive na cidade.

O resumo do trabalho foi publicado em um importante periódico na área da alergia, a The Journal of Allergy and Clinical Immunology. Os resultados apontam uma mudança nos picos de concentração, que aconteceram mais cedo em 2018. Entender essa modificação é importante porque “o diagnóstico da alergia ao pólen (polinose) é feito com base em análise dos sintomas e dados de concentração de pólen e, nesse aspecto, ainda são usados os dados de 1981/82, pois eram os únicos disponíveis até então”, justifica Juliana.

A estudante utilizou um método mundialmente conhecido para contabilizar partículas biogênicas. Foto: Juliana Camargo.

Pesquisa

Juliana foi orientada pelo professor Ricardo Godoi, do Departamento de Engenharia Ambiental, e pelo professor titular de Pediatria da UFPR, Nelson Rosário. Ela identificou e quantificou os pólens das gramíneas e realizou a comparação com os dados de mais de três décadas atrás para saber se a distribuição de pólens se alterou depois de todos esses anos.

“O principal aspecto que chama a atenção é que os dias de maiores concentrações de pólens de gramíneas em 2018 ocorreu entre os meses de agosto e setembro. Os dados de 1981/82 mostram picos de concentração somente em novembro”, revela Juliana. De acordo com a estudante, a pesquisa indica a necessidade de uma investigação mais detalhada sobre a distribuição do pólen em Curitiba.