SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Amazon se tornou nesta terça-feira (4) a segunda empresa a atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado, um marco no processo de transformação de uma livraria online para uma gigante do comércio eletrônico, conduzido por Jeff Bezos, homem mais rico do mundo. A primeira companhia a bater a marca foi a Apple, no início de agosto.

As ações da Amazon subiram 1,33% e fecharam o dia em US$ 2.039. Por volta do meio-dia, chegaram a valer US$ 2.049, mas caíram e o valor de mercado da companhia ficou em US$ 994.75 bilhões (R$ 4.14 trilhões).

No ano, os papéis acumulam alta de 74,4%, um adicional de cerca de US$ 435 bilhões em seu valor -quase o tamanho da rede de supermercados Walmart, que foi anterior à empresa de Bezos no ecommerce.

No segundo trimestre, a Amazon registrou lucro recorde de US$ 2,5 bilhões.

Criada em 1994, a varejista iniciou sua trajetória com a venda de livros e CDs online.

Nasceu como uma empresa de garagem, como muitas das líderes bilionárias do mercado de tecnologia. Hoje, pode ser descrita como a empresa que está presente em tudo, ou quase.

No varejo, a abertura de seu site para milhões de pequenas empresas acelerou seu crescimento. Nos Estados Unidos, a Amazon captura 49 centavos de cada dólar de comércio eletrônico.

Em 24 anos, a companhia virou sinônimo de oferta de plataformas e dispositivos: lançou o Kindle, que permite a leitura de e-books, o marketplace, em que pessoas e marcas comercializam produtos na internet, o CreateSpace, para lançamento de livros, a Amazon Web Services, nuvem pública que hospeda aplicações de outras gigantes, como Netflix, o Amazon Prime, serviço de streaming, a Alexa, ajudante doméstico baseado em um sistema de inteligência artificial, e o Prime Air, drone autônomo de entregas .

A diversificação de portfólio da companhia é constante. “O sentimento do investidor ao longo dos anos tem sido, sem dúvida, uma montanha-russa, mas claramente as apostas que Bezos fez estão valendo a pena, especialmente no programa de nuvem e de streaming”, diz Joel Kulina, analista da consultoria americana Wedbush.

Apesar de nuvem ser uma das frentes mais lucrativas e promissoras -faturou mais de US$ 17 bilhões em 2017 e se tornou o maior gerador de lucro da empresa-, especialistas indicam um novo negócio na mira da Amazon.

“O domínio do varejo foi seguido pelo domínio da nuvem. A maioria das pessoas sente que a logística é o próximo segmento, mas a nuvem dar lugar à publicidade como o principal negócio em 2020”, acrescenta Lugan.

A estratégia de focar em anúncios faz sentido conforme a Amazon abriga uma infinidade de aplicativos em seu espaço de computação.

O acesso ao destktop costumava favorecer o Google. À medida que a publicidade em dispositivos móveis cresce, e a Amazon pode oferecer anúncios não só para aplicativos do sistema operacional do Google (Android) ou da Apple (iOS), ela se torna uma competidora feroz para as outras gigantes de tecnologia.

“Eles estão mirando no mercado de anúncios online. Têm estrutura para isso, pois conseguem entrar por várias plataformas”, diz André Pase, professor de Comunicação Digital da PUCRS.

Apesar do trilhão, a Amazon passa por um momento delicado de imagem, especialmente nos EUA. Há críticas tanto do lado dos republicanos como dos democratas.

O presidente Donald Trump acusa a companhia de arruinar milhares de comerciantes, não pagar os impostos corretamente e causar prejuízos ao Correio dos Estados Unidos.

Já o senador Bernie Sanders, que disputou a candidatura democrata com Hillary Clinton, ataca as condições de trabalho de seus empregados.

No entanto, nem todos acreditam que a Amazon arruinou o varejo. Nos EUA, o setor, que movimenta US$ 3,5 trilhões (R$ 14,45 trilhões) ao ano, foi beneficiado justamente por lojas que aprenderam a reproduzir a facilidade de compra e a gratificação instantânea do comércio eletrônico. Os americanos voltaram a comprar mais em loja.

Alguns analistas acreditam que a Amazon logo ultrapassará a Apple como a maior empresa do país.