MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Um dia depois de causar mal-estar na cúpula da Otan em Bruxelas, Donald Trump voltou a tensionar as relações com os seus aliados europeus na manhã desta quinta-feira (12).

A imprensa local relatou que ele ameaçou abandonar a aliança militar ocidental caso não fosse atendido em suas exigências de que a União Europeia investisse mais em defesa. A informação foi desmentida, porém, por participantes do encontro, como o presidente francês, Emmanuel Macron.

É ponto pacífico que, após a fala de Trump, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, conduziu um encontro de emergência em torno da demanda dos EUA.

Na saída das conversas, o republicano descreveu o episódio como uma vitória pessoal: “Disse que ficaria extremamente infeliz se eles não se comprometessem mais”.

Questionado sobre a possibilidade de se retirar da Otan, Trump afirmou não descartá-la, mas julgá-la desnecessária, por ora. O processo poderia exigir a aprovação (improvável) do Congresso. Segundo o presidente, os aliados concordaram em acelerar seus investimentos em segurança -outras delegações negaram ter feito tal promessa.

Na quarta (11), Trump surpreendera os países-membros da aliança ao sugerir que elevassem as dotações para defesa a 4% do PIB.

Ouvidos por agências de notícias, diplomatas dizem que o americano também exigiu que o patamar fosse alcançado até 2024.

O que já havia sido acertado pelo colegiado da Otan era que, até 2024, o investimento em aparato de segurança chegaria a 2% dos PIBs respectivos -a Alemanha só gasta 1,2% na rubrica hoje.

Um incremento para 4% é considerado inviável pelos governos europeus, por limitações econômicas e resistência dos eleitores. Mesmo os EUA gastam apenas 3,5% do PIB, menos do que a nova meta de seu governo.

Se Trump levar adiante a suposta a ameaça de deixar a Otan, voltada principalmente a conter os avanços da Rússia, será uma péssima notícia para a União Europeia e seus outros aliados.

As regras do tratado, ratificado por 29 países, preveem que eles defendam uns aos outros em caso de agressão externa –princípio que Trump questiona.

A situação é agravada pelo fato de que, na próxima segunda (16), o americano se reúne com sua contraparte russa, Vladimir Putin “”que provavelmente celebra as notícias vindas de Bruxelas.

Antes de deixar a cúpula da Otan rumo a Londres, Trump disse esperar um encontro bem-sucedido. “Putin é um competidor. Ele representa a Rússia, e eu, os EUA. De alguma maneira somos oponentes, mas não é uma questão de amigos ou inimigos. Ele não é meu inimigo.”