NATÁLIA CANCIAN

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na hora de fazer compras no supermercado e escolher qual alimento levar, poderá fazer diferença a presença um símbolo que indica a presença de alto teor de açúcares adicionados, gordura saturada e sódio.

A inclusão desse sinal é uma das recomendações de um relatório preliminar elaborado pela equipe técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia mudanças nas regras de rotulagem dos alimentos.

O documento, ao qual a reportagem teve acesso, deve ser apresentado e discutido em reunião da diretoria nesta segunda-feira (21). Em seguida, segue para consulta pública.

Elaborado após revisão de estudos nacionais e internacionais e da análise de modelos sugeridos à agência e adotados em outros países, o texto dá força a propostas que incluem símbolos e mensagens de alerta para a alta quantidade de substâncias críticas se consumidas em excesso.

Segundo o relatório, a melhor opção é adotar, na frente da embalagem, o chamado semi-interpretativo, em que o consumidor pode ser informado sobre a composição do alimento, mas ao mesmo tempo pode manter a autonomia de decidir se quer comprá-lo ou não.

Esse tipo de rotulagem, segundo a agência, tem tido melhor avaliação de custo-benefício em outros países.

Hoje, esse tipo de alerta no rótulo de alimentos industrializados já é adotado ou é alvo de análise em alguns países, como Canadá e Israel.

No Brasil, propostas similares também foram sugeridas à Anvisa por algumas entidades, caso do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Opas (Organização Panamericana de Saúde) e Caisan (Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional), entre outros.

O objetivo é ajudar o consumidor a ter informações mais claras sobre o que está presente em cada alimento e, assim, escolher produtos mais saudáveis.

Apesar de recomendar a adoção de modelo de alertas para o 'alto teor' de gordura, açúcar e sódio, o documento frisa, porém, que as evidências disponíveis ainda "não permitem concluir sobre o formato mais apropriado para facilitar o uso da informação pelo consumidor brasileiro".

Alguns modelos de design do alerta, no entanto, são apresentados no documento como opções a serem analisadas. Entre elas, estão octógonos, triângulos, círculos e retângulos com lupa –todos com avisos da alta quantidade das substâncias.

O relatório, porém, não descarta novas análises sobre outros modelos sugeridos à Anvisa, caso do "semáforo nutricional", modelo sugerido pela indústria e que usa as cores verde, amarela e vermelha junto com dados sobre a quantidade de açúcares, gordura e sódio.

O texto ressalta que, em revisão de estudos, modelos de alerta levaram a melhor. É a estratégia adotada pelo Chile, onde produtos como salgadinhos têm um triângulo preto para indicar que é uma opção pouco saudável. No país, mascotes e brindes em doces foram proibidos.