PEDRO DINIZ E GIULIANA MESQUITA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estilista mineiro Luiz Claudio cresceu em uma família de costureiras. Aprendeu o ofício cedo, com a mãe, que refazia suas peças até que ele acertasse. “Percebi, ali, que poderia viver disso”.

Suas tias também fizeram parte dessa formação. “Todas as mulheres da minha família eram costureiras e casaram com homens que faziam sapatos”, disse, minutos antes do desfile.

Foi por meio dessas memórias de uma infância vivida em meio a tecidos, fios e retalhos, que ele construiu sua coleção. 

“Quando era mais novo, ia para a escola com fios presos na roupa. Nunca tive uma casa arrumada”.  Dessa lembrança, vieram os casacos, calças, vestidos e tops com nós de fios aparentes. 

Dos pences que acinturavam os vestidos de festa surgiram os casacos e calças que pareciam virados do avesso, com dobras tridimensioanais.

Dos retalhos de tecidos sofisticados que colecionava, o ótimo trabalho de patchwork do casaco que fecha o desfile. 

Apesar de ser uma homenagem às mulheres de sua família, foi da indumentária masculina que ele construiu tops com grandes laços no pescoço, cuja ideia remetia a gravatas, e terninhos de alfaiataria. 

Nas fitas penduradas em parte das peças, foram bordados os nomes das costureiras que fazem parte de sua equipe, como na barra dos vestidos de noiva. 

“Minha família era simples, só tínhamos registros nos casamentos”, explica a referência.

É o detalhismo e o domínio na execução das ideias que o tornam, hoje, o estilista mais completo do calendário da São Paulo Fashion Week. 

Silva consegue o feito raro de traduzir pensamentos, que muitas vezes ficam bonitos apenas no papel, em roupas instigantes, complexas e desejáveis.