BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A sete meses da eleição presidencial na Argentina, que ocorre em outubro, sai a primeira pesquisa de alcance nacional do período pré-campanha. Nela, a ex-presidente Cristina Kirchner lidera a corrida, com 37,4%, contra o presidente Mauricio Macri -com 32,4%- no primeiro turno. No segundo turno, marcado para novembro, há um empate técnico entre ambos. A pesquisa foi realizada pela consultora RTD a pedido do jornal El Economista.


O resultado mostra que as acusações de corrupção contra a ex-mandatária -que responde na Justiça a nove processos- não impacta em seu eleitorado, cujo núcleo duro sempre esteve em torno dos 35%.


Por outro lado, também expõe que, apesar da queda de popularidade por conta da deterioração econômica do país, Macri (cuja gestão tem cerca de 30% de aprovação) não tem sido muito afetado por isso, e continua sendo favorecido pela alta taxa de rejeição de Cristina, de cerca de 40% do eleitorado.


A pesquisa, porém, toma como terceira colocada a candidatura mais indefinida até agora, a que representará os peronistas ditos moderados. Utilizou como opção o mais bem cotado dentro desse grupo, Sergio Massa, ex-chefe de gabinete de Cristina e também peronista. Mesmo ele, porém, sairia com magros 14,5%.


No cenário mais provável, com um segundo turno, que ocorreria em novembro, a diferença de votos entre Cristina e Macri fica entre dois e quatro pontos percentuais -portanto, dentro da margem de erro de quatro pontos percentuais. O número de indecisos, porém, seria de 18%, deixando essa parte da disputa em aberto.


Se as primárias do kirchnerismo e do governo parecem definidas -e os candidatos devem mesmo ser Cristina e Macri-, o peronismo moderado ainda tem de definir se o candidato será mesmo Massa, ou as outras opções aviltadas até aqui: Juan Manuel Urtubey (governador de Salta), Roberto Lavagna (ex-ministro da economia), Miguel Pichetto (líder do Senado) ou Daniel Scioli (ex-vice-presidente de Néstor Kirchner).


“A questão econômica talvez não seja tão decisiva para Macri”, diz à reportagem o economista Marcelo Elizondo. “Apesar de a situação ser muito difícil nessa área e o governo ter poucas chances de melhorar a vida dos argentinos daqui até outubro, talvez para reeleger-se no segundo turno bastará a rejeição alta de Cristina”.


Os kirchneristas, porém, já definiram sua linha de campanha, que é a de insistir pesadamente na deterioração da economia popular, nos aumentos de tarifas e nos cortes das aposentadorias. Para isso, já está com as tropas nas ruas. Alguns deputados e senadores realizam atos para expor os efeitos dos ajustes e sindicatos têm realizado atos e greves.