Franklin de Freitas – Moradores ficaram indignados com a au00e7u00e3o

Não é sempre. Mas por vezes atos de violência convertem-se em provas de amor e de união, fortalecendo o senso de comunidade. E é exatamente isso o que começou a acontecer nesta segunda-feira (10) no bairro Cristo Rei, próximo ao Jardim Ambiental I, onde um vândalo atacou e destruiu aproximadamente 35 plantas dos mais diversos tamanhos e espécies de um jardim comunitário.

Foram dois ataques que teriam sido realizados pela mesma pessoa, o primeiro na madrugada de sexta para sábado e o segundo na de domingo para segunda. Um morador chegou a ver a ação do suspeito e pediu para que parasse, mas foi ameaçado pelo homem, que estava com um facão e um serrote para realizar o “trabalho sujo”. O motivo alegado pelo suspeito, cuja identidade ainda é desconhecida, é que ele teria sido assaltado naquela região, com os bandidos usando as árvores para se esconderem.

Revoltados, os moradores da região rebatem a motivação apresentada pelo vândalo, apontando que as plantas não têm culpa numa questão de segurança pública. Há pelo menos oito anos o espaço, que fica ao lado da ciclovia e ao lado da praça, é cuidado pela própria comunidade.

“Ele alegou que bandido fica aqui escondido para assaltar, mas não é isso. Temos um cuidado especial por esse espaço, é um bem público. A comunidade está super triste, aqui é um lugar por onde todo mundo transita, socializa”, comenta a professora Ana Lizete Farias, 56, especialista em meio ambiente e desenvolvimento. “Isso é uma tendência mundial. Tem de incentivar, fortalecer, e não destruir”, complementa.

O designer e mestre em gestão ambiental, Luan Valloto, 28, reforça o discurso. “Entendo que o problema da violência e do assalto não são culpa das plantas. Esse espaço é uma demonstração de que é possível fazer o bem para os outros, um presente para comunidade, um carinho que os moradores estão dando. Queria que ele (vândalo) entendesse isso”, desabafa.

Outro morador revoltado com a situação é Ernesto Knauer, de 87 anos. Uma pessegueira que ele mesmo havia plantado há cerca de 6 anos foi uma das vítimas do ataque, que aconteceu justamente quando a árvore começava a dar frutos. “Esse povo não merece a terra em que vive. O planeta sendo destruído, agredimos todos os dias a natueza, e agora acontece isso, algo primário, sem sentido. Precisamos que a Prefeitura olhe para isso. É um absurdo estarmos à mercê disso.”

“Não vamos nos deixar abater”
Apesar do baque inicial e da revolta, os moradores da região já estão juntando forças para fazer renascer o jardim comunitário. Na próxima quarta-feira, às 18 horas, acontecerá o “Mutirão de Plant+Ação Jd. Ambiental 1”, do qual deverão participar pelo menos 30 pessoas.“Vamos fazer um mutirão de planta e ação. Vamos fazer pinturas e placas para falar sobre esse espaço, conscientizar. Vou trazer também umas 100 muda do IAP para gente plantar”, explica Luan, comentando ainda que o episódio reforçou o senso de comunidade entre os moradores e frequentadores do espaço. “Não vamos nos deixar abater por isso. A própria comunidade começou a se unir por conta, falando que vão replantar o dobro, até o triplo do que foi destruído”, diz.