SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar reagiu a novidades sobre a reforma da Previdência e terminou esta sexta-feira (15) em baixa ante o real.

As negociações com a moeda já tinham sido encerradas quando o governo anunciou, na véspera, que encaminharia proposta para o Congresso com idade mínima de 62 (mulheres) e 65 (homens) e um período de transição de 12 anos.

O dólar comercial fechou em queda de 0,96% nesta sexta, cotado a R$ 3,704.

A Bolsa, que saltou mais de 2% no pregão anterior já refletindo o anúncio, terminou no vermelho, conforme investidores embolsaram lucros à espera de mais detalhes sobre o texto.

O Ibovespa recuou 0,50%, a 97.525 pontos, puxado para baixo por ações do setor de educação, que despencaram após o governo anunciar investigações no Ministério da Educação.

A expectativa é de que o texto seja assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e encaminhado ao Congresso em 20 de fevereiro.

Os detalhes divulgados na quinta-feira (14) foram bem recebidos pelo mercado. O texto que será apresentado pela equipe econômica ao Congresso é mais duro do que o proposto pelo governo do ex-presidente Michel Temer, que previa as mesmas idades mínimas, mas um período de transição mais longo, de 20 anos.

Analistas apontam, no entanto, que informações importantes ainda não foram divulgadas, como serão as classes profissionais englobadas pela reforma. Além disso, resta saber quanto do texto original será preservado após negociações com o Congresso para sua aprovação.

O mercado monitora ainda a crise política envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, após denúncias de esquema de candidatos-laranja dentro do PSL. A situação poderia atrasar o andamento da reforma no Congresso.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) alertou na véspera que a crise envolvendo Bebianno pode prejudicar a negociação sobre a Previdência.

Pessoas próximas aos ministros confirmaram à Folha de S.Paulo que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) havia pedido a suspensão da exoneração de Bebianno do governo federal.

No front externo, declarações de autoridades da China e dos Estados Unidos de progresso e consenso sobre pontos cruciais nas negociações comerciais também animaram o mercado, alimentando o apetite por risco.

As conversas serão retomadas em Washington na próxima semana. O presidente americano Trump admitiu que o prazo para entrada em vigor de maiores tarifas contra importações chinesas, previstas para 1º de março, pode ser prorrogado.