SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, afirmou nesta sexta-feira (15) que a lei de controle de armas irá mudar na Nova Zelândia, um país que combina um baixo número de homicídios com a facilidade de se obter armamentos, um dia após massacre que deixou 49 mortos.


Qualificando os ataques contra duas mesquitas da cidade de Christchurch como “um dos nossos dias mais sombrios”, Ardern disse que considera uma proibição total a armas semiautomáticas.


O atirador obteve cinco armas legalmente e tinha licença para porte de armas.


“Posso dizer uma coisa neste momento: nossas leis de armas vão mudar”, disse Ardern.


Qualquer pessoa com mais de 16 anos no país pode pedir uma permissão para comprar armas. Cabe a polícia dar a autorização –em geral, apenas pessoas com histórico criminal, de uso de drogas ou de problemas psiquiátricos são barradas.


Em 2017, dos 43.509 pedidos de permissão, 43.321 foram aceitos, segundo a rede britânica BBC. No total, mais de 238 mil pessoas no país têm acesso a armamentos.


Tendo a permissão, um neozelandês pode comprar quantos fuzis normais e espingardas quiser e não é necessário registrá-los em órgãos de controle. As armas podem ser compradas pela internet ou em anúncios em jornal.


Como o registro de armas não é exigido, 96% das armas no país não são registradas, segundo a organização Gun Policy.


A venda de armas semiautomática (que disparam com mais velocidade) é restrita e é necessário uma permissão específica para adquiri-las.


Oficialmente, há 15 mil fuzis semiautomáticos registrados no país. Pistolas também têm a venda controlada de maneira semelhante.


Essa restrição aconteceu dois anos após um massacre em 1990 na cidade de Aramoana, quando um atirador matou 13 pessoas usando um fuzil semiautomático.


Especialistas, porém, afirmam que um vácuo na legislação permite transformar um fuzil normal em um semiautomático. A falta de registro também facilita a compra ilegal desse tipo de armamento, mesmo para pessoas que não têm permissão.


Segundo a Gun Policy, há uma arma para cada três pessoas na Nova Zelândia, levando em conta aquelas que estão nas mãos de civis. O número é maior do que no Brasil (uma para cada 12 pessoas) e na vizinha Austrália (uma para cada sete pessoas), mas bem abaixo da média americana (onde há 1,2 arma para cada pessoa).


O número de mortos no massacre desta sexta ultrapassa o total de assassinatos no país em 2017, quando houve 35 homicídios em toda a Nova Zelândia, que tem 4,7 milhões de habitantes.


Como comparação, o Brasil teve 63.880 mortes violentas em 2017. O país tem 209 milhões de habitantes.