Valquir Aureliano – iManifestantes em frente à sede da PF

Milhares de manifestantes participaram neste domingo (7), em Curitiba, de ato convocado pelo PT no dia que marca a data em que se completou um ano da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em frente à sede da Polícia Federal, no bairro do Santa Cândida. De acordo com os organizadores, dez mil pessoas participaram do protesto na Capital paranaense, contra 3 mil nos cálculos da Polícia Militar. Em carta de Lula aos participantes lida durante a manifestação, o ex-presidente voltou a afirmar que é um “preso político”, e criticou os adversários, afirmando que eles “têm medo do povo”.

“Impediram minha candidatura à Presidência para que eu não subisse outra vez a rampa do Palácio do Planalto, empurrado pelos braços de cada um e cada uma de vocês, para que juntos revertêssemos o desmonte do Estado brasileiro promovido pelos meus algozes”, apontou o petista. “Há exatamente um ano, estou isolado na cela de uma prisão em Curitiba. Jamais apresentaram uma única prova contra mim. Sou preso político, exilado dentro do meu próprio país”, alegou Lula no texto.

“Meus adversários procuram motivos para comemorar e não encontram. Estão cada vez mais ricos, mas sua fortuna obtida à custa do sofrimento de milhões de brasileiros não lhes traz felicidade”, escreveu o ex-presidente na carta. “Eles estão cada vez mais raivosos, infelizes e envenenados pelo próprio (veneno) que destilam”, afirmou Lula.

O primeiro ato do dia foi logo no início da manhã. Centenas de manifestantes iniciaram o protesto “Lula Livre” com uma caminhada desde o Terminal Boa Vista até o Santa Cândida, no acampamento montado desde o ano passado nas proximidades da PF. A Polícia Miliar estabeleceu perímetros para manifestação no entorno do local, impedindo a entrada de pessoas com garrafas ou outros objetos que pudessem oferecer risco à manifestação. Em todo o País, movimentos de 17 capitais confirmaram agenda de mobilizações, além de 32 atividades em 15 países.

Liberação
O protesto foi liberado com restrições na véspera pela Justiça Estadual, que desde o dia 21 de fevereiro voltou a proibir “todo e qualquer ato ostensivo de manifestação (pró ou contra Lula)” nas ruas do bairro onde está a PF. Em caráter excepcional, o Tribunal de Justiça autorizou as manifestações nos arredores da PF.

A PM recebeu ordem do desembargador Fernando Paulino da Silva Wolff Filho, do Tribunal de Justiça do Paraná, para prender manifestantes que desrespeitarem a zona delimitada, mas não houve registro de ocorrências. Diariamente, os participantes gritam “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” ao ex-presidente.

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann e o ex-candidato do partido à Presidência, Fernando Haddad, participaram da manifesstação em Curitiba.

“Essa elite conseguiu com tudo que fez, desde 2013, colocar um dos piores brasileiros na Presidência da República e o melhor aqui na Polícia Federal”, disse Haddad.
Lula foi preso após ser condenado Lula por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o tríplex em Guarujá (SP). Depois, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região) também condenou o ex-presidente, o que levou Lula à cadeia em 7 de abril do ano passado.