Henry Milleo

A temporada de grandes espetáculos de fim de ano já começou em Curitiba e, até 23 de dezembro, promete movimentar as noites da Capital e região. Com mais pessoas nas ruas em clima de festa e espírito natalino, não só o comércio formal deve sair ganhando. Estas atrações de Curitiba também ajuda a movimentar outro setor, o de ambulantes, muitos deles informais.

“É uma época muito boa, sim”, diz o autônomo Francisco Parente, que há 25 anos trabalha como ambulante em Curitiba e região. “Sempre que tem estes eventos, acabamos conseguindo vender”, diz, sem revelar quanto. Mas, a conta é simples: quanto mais eventos, mais faturamento.

Parente vende bebidas em jogos de futebol, mas isso acontece uma ou duas vezes por semana. Em shows, a mesma coisa. Mas, na programação do Natal de Curitiba algum evento estará acontecendo praticamente todo dia ou noite. Nestas ocasiões ele deixa o isopor de lado e vende balões coloridos e com LED. “Claro que já foi melhor. Hoje tem muita concorrência”, conta. “Mas sem esta programação de Natal, seria pior”.

Um outro ambulante que vende algodão doce, e que pediu para não ser identificado, já que atua sem licença, conta que costuma vender tudo que leva nestes eventos de Natal. “Não dou conta. Sabe como é, evento quado tem crianças… Tem que aproveitar. Nesta época dá para dobrar os ganhos”, diz.

E durante as apresentações o visitante provavelmente será abordado por todo tipo de ambulante — balões, doces, pipoca, brinquedinhos, água, refrigerantes, entre outros.

Público
E se depender do público nestes eventos, não deve faltar clientes. As apresentações do Natal de Curitiba do ano passado atrairam 615 mil pessoas, segundo o Instituto Municipal de Turismo. Mais de 92 mil eram turistas. No ano passado foram cerca de 70 eventos de Natal. Já neste ano são mais de 130 eventos em todas as partes da cidade agendadas.

O público presente na segunda edição do evento (2018) foi 105% maior do que no primeiro ano (2017), quando 300 mil pessoas acompanharam a programação. Os dados do levantamento preliminar do Instituto Municipal de Turismo mostram que naquele primeiro ano do Natal de Curitiba-Luz dos Pinhais, foram 60 mil turistas na Capital.

Outros
Além dos ambulantes, outras categorias também lucram com os espetáculos de Natal. Taxistas e motoristas de aplicativos, por exemplo, veem aumentar muito o número de corridas nestas noites.

Mesmo informal, vendedor de rua precisa de licença para poder comercializar

Como atividade que rende recursos, todo o ambulante precisa de licença da Prefeitura de Curitiba para atuar. Mas, boa parte dos que vendem produtos nestas ocasiões o fazem sem permissão. Em outubro, a Secretaria Municipal do Urbanismo lançou um projeto piloto na Regional Boqueirão para regularizar o comércio ambulante.

“Este projeto-piloto é para regularizar o setor de ambulantes, que cresceu diante da crise econômica e trouxe para a rua pessoas que buscam dinheiro, mas vendem o produto de forma irregular e sem autorização legal”, explicou Ulisses Xavier, do Departamento de Fiscalização da Secretaria do Urbanismo, na época do lançamento do projeto.

No Boqueirão, de 44 ambulantes contatados, 28 não tinham licença, e foram orientados a regularizarem a situação. O ambulante flagrado sem licença acaba tendo seus produtos apreendidos. Entre os principais produtos apreendidos pela fiscalização na Capital estão cigarros, roupas, brinquedos e utensílios domésticos.

Há uma série de quesitos a serem preenchidos pelo vendedor ambulante, como apresentação de documentação e também de certificados, quando há manipulação de alimentos. Quem quiser operar na cidade precisa morar em Curitiba. Do contrário, não poderá se regularizar e poderá ter os produtos apreendidos.

Mais vagas
Em maio deste ano, a Prefeitura abriu edital para vagas de comércio ambulante na região central e em parques de Curitiba. Foram 68 vagas para vários setores de vendas — 40 na região central e outras 28 em parques — desde artigos de couro a venda de milho verde e caldo de cana.

Situação é estimulada pela crise prolongada

A presença dos ambulantes cada vez mais constante é estimulada pela crise econômica que só agora dá sinais, ainda fracas, de recuperação. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), divulgada na semana passada, mostrava que um de cada quatro paranaense em idade de trabalho estava ocupado por conta própria e que 8,9% da força de trabalho no Estado ainda estava desempregada no terceiro trimestre deste ano — julho,agosto,setembro.

O estudo também mostra que o número de desalentados — aqueles que já desistiram de procurar emprego — chegou a 107 mil pessoas no Paraná, número menor que no trimestre anterior, quando eram 114 mil, mas maior que no começo do ano, que tinha 104 mil desalentados.

No ano passado atrações movimentaram R$ 60 milhões

Em 2018, foram movimentados R$ 60,6 milhões na economia local devido à programação de fim de ano da Prefeitura de Curitiba, um aumento de 14,3% em comparação ao mesmo período de 2017 (R$ 53 milhões). A ocupação hoteleira também chamou a atenção, situando-se perto de uma ocupação de 805 até 31 de dezembro. A cada um real investido pela Prefeitura na programação, estima-se que o retorno dos turistas foi de R$ 37 no comércio e serviços. Mais gente circulando pela capital significa mais receita para o comércio.

Além de Curitiba, cidades vizinhas também promovem o Natal. São José dos Pinhais abre sua tradicional Casa do Papai Noel amanhã. Pinhais abriu sua agenda de Natal na semana passada. Campo Largo também anuncia apresentações especiais neste ano. Araucária está iluminando ruas e praças, assim como Colombo decora a cidade.