SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Colômbia voltou a registrar aumento na área cultivada de folha de coca em 2017, chegando a um recorde de 171 mil hectares, informou nesta quarta-feira (19) o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

O crescimento foi de 17%, mantendo a trajetória de alta que triplicou o terreno das lavouras desde 2013. O número é divulgado no momento em que os EUA pressionam o país a conter a expansão da produção da matéria-prima da cocaína.

Pelas estatísticas do órgão da ONU, o potencial colombiano de produção da droga no ano passado cresceu 31% em relação a 2016, para 1.379 toneladas -recorde desde o início das medições da organização, em 2001.

Segundo o relatório, a produção potencial de cocaína têm um preço potencial de US$ 2,7 bilhões (R$ 11,5 bilhões), valor que supera em US$ 200 milhões o total exportado de café pelo país no ano passado.

O representante da UNODC no país, Bo Mathiassen, afirma também que a produtividade cresceu mais de um terço desde 2012. “Um dos motivos para o incremento é a percepção de menor risco frente à atividade ilegal.”

O departamento mais afetado foi Nariño, na fronteira com o Equador, com área de 45,7 mil hectares, superando em tamanho o terreno cultivado no Peru (43,9 mil ha), segundo na lista da ONU, seguido da Bolívia (24,5 mil ha).

A região é alvo de disputas entre os cartéis do tráfico de drogas, a guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) e dissidentes das ex-Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e dos ex-grupos paramilitares de direita.

Nariño também é um ponto estratégico por sua saída ao oceano Pacífico, facilitando o transporte para a América do Norte. A produção também cresceu na região de fronteira com a Venezuela, disputada pelos mesmos grupos.

Apesar de Mathiassen ter elogiado o crescimento de 20% nas apreensões de cocaína e que a área erradicada quase triplicou em 2017, ele afirmou que a expansão não é capaz de conter o incremento da produção potencial.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, disse que anunciará nas próximas semanas medidas contra o crescimento da área cultivada, como corte das redes de transporte, prevenção do consumo de drogas e erradicação forçada.

Ele colocou como meta o corte de 140 mil hectares em quatro anos, mas não mencionou se retomará a fumigação aérea –interrompida por Juan Manuel Santos em 2015 após protestos de moradores das regiões afetadas.