MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) – A AFA (Associação de Futebol Argentino) acerta os últimos detalhes para que o técnico Jorge Sampaoli abra mão de um contrato que terminaria apenas após a Copa do Qatar, em 2022, e deixe a seleção.

A entidade vai pagar R$ 7,75 milhões para o treinador. Se fosse quitar a multa rescisória integral, teria de desembolsar R$ 50 milhões.

É o desfecho de uma novela que começou assim que a Argentina foi derrotada pela França por 4 a 3 nas oitavas de final, em Kazan.

A pressão de outros dirigentes e torcedores era para que Sampaoli fosse demitido imediatamente. Isso apesar de o presidente da AFA, Claudio Tapia, ter dito antes da viagem à Rússia que o técnico permaneceria no cargo mesmo que a seleção fosse eliminada na fase de grupos, o que apenas não aconteceu porque o zagueiro Marcos Rojo fez um gol contra a Nigéria a três minutos do fim.

Sampaoli perdeu apoio após comandar uma seleção caótica nos bastidores durante as três semanas que passou na concentração em Bronnitsi, a 55 km de Moscou. Sua autoridade foi minada por vazamentos de áudios, boatos de que os jogadores haviam tomado o poder e que Jorge Burruchaga, auxiliar técnico, assumiria o comando do time com a Copa em andamento. Sua relação subserviente a Lionel Messi e ao pai dele, Jorge, também causou desgaste.

Quando o nome de Sampaoli foi anunciado pelo serviço de som do estádio em São Petersburgo, antes do jogo contra a Croácia, pela primeira fase, os mais de 20 mil argentinos presentes o vaiaram sem dó.

O maior desgaste foi a falta de um padrão de jogo e a indecisão mostrada. O treinador não conseguiu definir um esquema de jogo ou uma escalação e mudou ambas as coisas nas quatro partidas da Argentina no torneio.

A AFA teve negociações com Sampaoli para a melhor maneira de rescindir o contrato. A entidade, com dificuldades financeiras, não tinha recursos para pagar a rescisão integral. Como o treinador se recusava a pedir demissão, a Associação forçou a barra, disse que ele continuaria, mas teria de dirigir também a equipe sub-20, o que antes era função do seu braço direito, Sebastián Beccacece, que assumiu o comando do Defensa y Justicia.

Sampaoli se recusou e disse que aquela ideia não fazia sentido. Foi quando as negociações andaram.

A saída de Sampaoli abre um vácuo de poder, mas não é o único. Há a questão Lionel Messi. O atacante não disse até agora o que pretende fazer. Ao deixar a Rússia, avisou aos dirigentes que precisava de tempo para pensar se deseja continuar na seleção ou não.

Ele foi passar férias no Caribe com os três filhos e a mulher, Antonella Roccuzzo. Apenas no início de agosto, quando se apresenta no Barcelona, deverá falar sobre o assunto.

A AFA terá de encontrar um nome para comandar a seleção com o pensamento na Copa de 2022. Antes disso, terá a Copa América de 2019, no Brasil. O sonho de consumo de Tapia é Diego Simeone, do Atlético de Madri (ESP), mas o ex-volante não parece muito disposto a aceitar qualquer oferta. Teria de enfrentar, principalmente, a percepção de que há uma panela, comandada por Messi, que controla quem joga na seleção.

A alternativa mais viável é Ricardo Gareca, elogiado pelo trabalho no Peru nas eliminatórias e no Mundial da Rússia. Há também José Pekerman, que comandou a Colômbia e já dirigiu a Argentina na Copa de 2006.