Vivemos em uma época de muitas simplificações. Com o ritmo acelerado da vida de todos nós, a competitividade e a necessidade de se saber de tudo um pouco, as pessoas vêm se contentando cada vez mais em procurar cada vez menos. E isso é lamentável!
Note que isso se aplica a várias áreas da vida. Preferências políticas são adotadas com base no que ouvimos dizer. Ideologias e crenças são cada vez mais rasas e frágeis. As pessoas se informam apenas pelas manchetes.
Analisemos um exemplo. Um crime que choca a nação, como o assassinato de dois adolescentes por um colega de classe que foi armado para a escola é reduzido a achismos, como se fôssemos, todos, especialistas em comportamento humano. Foi por causa do bullying, dizem alguns, sem considerar outros fatores. Foi porque os pais facilitaram o acesso às armas, argumentam outros, também sem olhar mais profundamente a questão. É um monstro irrecuperável, bradam os mais afoitos. É mais uma vítima, afirmam os de olhar mais social. Mas poucos são os que avançam na análise da situação.
É preciso olhar esta questão de maneira mais profunda. A própria questão do bullying é vista de maneira simplista. Quantos de nós, ao lembrar da infância, não comentamos que no nosso tempo era diferente. A gente sofria bullying, mas isso não nos criou trauma algum. Essa celeuma toda em torno do assunto é um exagero, e coisas do gênero.
Qual a relação entre os casos de bullying e a violência? E os outros males que o bullying cria, como traumas profundos, depressão, apatia e aversão social, entre tantos outros? Por que esses casos rumorosos de violência ocorrem sempre no ambiente escolar? Qual o papel da escola, dos educadores e da família? Estamos preparados para enfrentar casos de depressão, violência e os mais diversos transtornos psicológicos e sociais? A quem vamos pedir ajuda?
Outros exemplos igualmente chocantes nos apontam para os mesmos enigmas. Assustada, fico sabendo que, depois do crime assombroso de Janaúba, quando um vigia incendiou uma creche, matando nove pessoas, sendo sete crianças, uma professora e ele mesmo, outra tentativa parecida foi registrada na mesma região. Sim, um homem de 52 anos foi preso, também na cidade de Janaúba-MG, quando ameaçou atear fogo em outra creche, numa localidade distante da área urbana da cidade. Onde vamos parar?
São perguntas que necessitam urgentemente de respostas. Porém, respostas refletidas, reflexivas, que provoquem a sociedade, a escola e as famílias à ação, à proteção de nossos jovens e crianças. Respostas simplistas e pretensiosamente definitivas, como dizer que é por causa disso ou daquilo não nos levam a avanço algum.