Daniel Castellano / SMCS – Bares e restaurantes já vinham sendo alvo da Vigilância Sanitária

O Decreto 774/2020, publicado no sábado (13) e que volta a restringir as atividades em Curitiba por conta do avanço dos casos da Covid-19, provocou a reação imediata de alguns setores da economia, especialmente daqueles em que o decreto determina a suspensão das atividades, como academias, bares e casas noturnas. Estes segmentos, inclusive, marcaram manifestações contra o decreto para a manhã e a tarde desta segunda-feira (15), com concentração em frente ao prédio da Prefeitura, no Centro Cívico.

Ainda na noite de sábado, um grupo ligado às academias fez uma manifestação com buzinaço em frente ao prédio onde mora o prefeito Rafael Greca, no bairro Batel. A manifestação que estava agendada para as 9 horas desta segunda-feiram, 15 de junho, foi cancelada. Segundo as informações do grupo, uma audiência com o prefeito fo marcada para as 16 horas desta segunda-feira. 

A Associação dos Centros de Atividade Física (Acaf) repudiou o decreto de bandeira laranja. Em nota, a Associação ainda questionou os critérios que ordenam o fechamento das academias, mas permitem a abertura de shopping centers na Capital. O setor lembra que o decreto federal considera as academias como atividade essencial.

Bares e casas noturnas

Outro setor que reagiu forte foi a de bares e casas noturnas, que também está com as atividades suspensas com o novo decreto. A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) fez uma convocação ainda na noite de sábado para um ato na Prefeitura de Curitiba, hoje. Pelas redes sociais, a associação chamava empresários, colaboradores, fornecedores e terceirizados para se reunirem na sede da Prefeitura às 14 horas para demonstrar “toda a insatisfação com o momento da gestão municipal no enfrentamento da Covid-19”, diz o comunicado da Abrabar.

Nas redes sociais, a Abrabar classificou a medida de retornar com as restrições (dos setores) adotada pela Prefeitura como uma atitude covarde, e prevê que muitos dos empreendimentos em Curitiba terão que fechar as portas definitivamente, aumentando o desemprego. Contundente, o texto nas redes sociais diz que o setor “declara guerra” contra as medidas da Secretaria Municipal de Saúde.

Contra a “quarentena eterna”

Ainda na noite de domingo, um evento batizado de “Manifestação contra a quarentena eterna” convocava para um protesto em frente à Prefeitura às 14 horas. Segundo o chamado para esta manifestação, participariam os setores de restaurantes, bares, clubes sociais, shoppings, instituições religiosas e escolares, “reunidos para exigir o cumprimento da quarentena vertical”.

Restaurantes

A Associação Brasileiras de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel-PR) emitiu, no final da noite de sábado, uma nota criticando o decreto da Prefeitura de Curitiba. “Nos últimos meses, a Associação Brasileiras de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel – PR), entidade que representa mais de 50 mil estabelecimentos no Estado, dialogou incansavelmente com o poder público em busca de medidas assertivas com relação ao combate da Covid-19. Por esse motivo, fomos surpreendidos negativamente com o decreto divulgado pela Prefeitura de Curitiba no começo da noite deste sábado”, inicia a nota.

“Não faz sentido algum, por exemplo, liberar os restaurantes durante o almoço e proibir o funcionamento durante o jantar. Assim como não faz sentido algum transferir para os empresários do setor a responsabilidade pelos aumentos dos casos em Curitiba. Se a medida não for revertida, ela representará o fim definitivo de muitos empreendimentos da cidade e, consequentemente, milhares de empregos serão ceifados”, continua a nota.

“A Abrasel tentará contato com o prefeito Rafael Greca em busca de uma solução racional, que leve em consideração os aspectos de cada negócio. Se isso não for possível, a associação irá tomar medidas mais ríspidas nos próximos dias”, termina.

Aumento de casos

Desde o início do mês, a Secretaria Municipal de Saúde vem chamando a atenção para o aumento de casos em Curitiba. Se até maio havia o reconhecimento de que a Capital havia conseguido achatar a curva de contágio, os indicadores das semanas seguintes mostram um acelerado avanço nas notificações. Até os últimos dias de maio, a média de novos casos era de 15 por dia. A semana passada terminou com média acima de 50 casos por dia, e um pico de mais de 200 num único dia na semana passada.

O último boletim, divulgado no sábado, mostrava que o número de casos e óbitos em Curitiba tinha subido mais de 50% em apenas 12 dias. Até o sábado, eram 1.777 casos e 78 óbitos.