Franklin de Freitas – Pizzarias de Curitiba viram demanda cair no salão e até mesmo no delivery

Quando teve início a crise do coronavírus, muitos podem ter pensado que as pizzarias passariam incólumes ou ao menos sofreriam menos com o momento atípico que estamos vivendo. Afinal, o setor já é um dos que melhor estabeleceu o sistema de delivery, que de uma opção acabou se tornando uma necessidade para os mais diversos segmentos e até mesmo para os próprios consumidores. Na prática, no entanto, o cenário não se desenrolou dessa forma.

O problema nem tem sido, ao menos por enquanto, a crise econômica decorrente da crise em saúde pública, que promete corroer a capacidade de compra de muitos brasileiros. A grande questão é o fato das pessoas estarem mais tempo em suas casas e grande parte delas com o estoque de comida reforçado, o que acaba dispensando a necessidade de buscar alimentação fora.

“A demanda caiu, caiu vertiginosamente; Não tem compensado, inclusive, estar aberto, mas tem de abrir para tentar fazer com que venha algum momento, tentar atrair. O povo já stava com dificuldade [financeira] e hoje a insegurança está ainda maior. Está todo mundo segurando, fazendo comida em casa”, afirma Abelardo da Fonseca Telles Neto, que há 17 anos comanda a Pizzaria Boca de Forno, localizada no Bigorrilho.

O grande problema, no caso da Boca de Forno, é que 60% do faturamento da empresa vem do salão, que teve de ser fechado por conta das recomendações do Ministério da Saúde e de determinações do Governo do Estado do Paraná. Mesmo o delivery, no entanto, teria caído, segundo reclama o empresário, apontando que a demanda teve queda de 70%.

Noutras lojas, que trabalham mais focadas no delivery, o impacto do cenário atípico que vivemos tem sido menor. Um exemplo é a Pizzaria Predileta, localizada no Bom Retiro, e que desde sua fundação trabalhou mais voltada para entregas, com foco em combos especiais de pizzas e refrigerantes e preços mais acessíveis.

“Nosso negócio sempre foi o delivery. O que acabou acontecendo é que aquele movimento que a gente já tinha permaneceu, mas os clientes, ao invés de virem buscar no balcão, passaram a pedir para entrega em casa”, comenta Paulo Barcellos, sócio-proprietário da empresa. “O que tem sido mais difícil é a questão de equipe e de funcionários, estamos com uns quatro funcionários afastados por terem familiares suspeita de Covid-19, então trabalhamos com equipe mais reduzida”, completou ele.

Novas opções e produtos para atrair clientes

Tanto a Pizzaria Boca de Forno como a Predileta trouxeram novidades aos clientes nesses tempos de coronavírus. No caso da primeira, um dos pontos fortes do estabelecimento sempre foi um espaço kids localizado no salão, onde os pequenos podiam montar suas próprias pizzas. Com o atendimento no local suspenso, a empresa criou kits kids, com valores que vão de R$ 30,50 a R$ 84,50, para que as crianças possam continuar fazendo suas próprias pizzas em casa.

“Estamos fazendo taxa de entrega gratuita, baixando valores de preço de pizza e agora criamos os kits pizza para criança fazer em casa. Recebia de 300 a 400 crianças por mês no nosso espaço infantil e essa foi uma maneira que encontramos de compensar isso”, explica Neto. “Não estamos deixando de criar ações para fazer o movimento voltar. O pequeno empresário não está deixando de tomar atitude”, destaca.

Já na Predileta, a novidade é um combo com pizza broto e mais refrigerante de 600 ml. “Pensamos no combo para quem está sozinho, não quer piza muito grande. Criamos porque vimos a oportunidade, está saindo por R$ 25,90 a pizza broto salgada e mais um refri de 600 ml”, comenta Paulo.

Abrasel emite nota

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná, preparou uma nota oficial sobre o atual momento do mercado de bares e restaurantes. “Nas últimas semanas, participamos de diversas reuniões com o poder público, discutimos inúmeros tópicos relacionados ao novo vírus com os nossos associados, lançamos manifestos e materiais de apoio e, principalmente, buscamos maneiras de contribuir para que os bares e restaurantes paranaenses consigam se manter vivos durante e após a pandemia. Afinal, neste momento o cooperativismo e a solidariedade são as melhores saídas para o nosso segmento”, diz a nota. “Como uma associação democrática, aceitaremos as escolhas de cada um de nossos parceiros, apoiando o desenvolvimento de seus negócios, seja com salões abertos ao público ou por meio dos serviços alternativos que estão em evidência no atual momento, como delivery e take away. Cabe a nós como entidade representante de uma classe tão importante para o desenvolvimento do país apoiar os bares e restaurantes em suas escolhas responsáveis. Logicamente, não deixaremos de incentivar e destacar a importância do cumprimento das medidas de segurança indicadas’.