Lucilia Guimarães/SMCS

Do mesmo modo que algumas pessoas são loucas por água e encontram na piscina um estímulo para praticar exercícios, outras têm pavor. Traumas e medos atrapalham quem precisa praticar hidroginástica. Mas e o que fazer quando a atividade aquática é solicitada como tratamento médico?

No Clube da Gente Boa Vista, o projeto de ambientação aquática, desenvolvido pela professora e psicomotricista Patrícia Weiss, tem ajudado os matriculados nas aulas de hidroginástica a vencer a limitação a partir de exercícios de adaptação ao meio líquido.

A ambientação é feita em oito sessões, que acontecem duas vezes ao mês, intercaladas às aulas normais, e são planejadas para ajudar a acabar com o medo e dar autonomia dentro da água. O grupo aprende como trabalhar a respiração, deslocamento, movimentos e equilíbrio. Também aprende a flutuar e a mergulhar.

Patrícia criou o projeto ao perceber que alguns alunos não executavam corretamente os movimento sugeridos nas aulas devido ao pânico. Havia os que não conseguiam se movimentar com medo de afundar e outros que nem se quer conseguiam soltar as bordas da piscina.

“Em alguns acasos a ansiedade era tão elevada que ao invés da aula promover qualidade de vida acabava sendo uma fonte de tensão”, conta a professora Patrícia Weiss.

O simples fato de afundar a cabeça é um grande desafio para quem tem um trauma, passou por algum acidente ou tem uma lembrança ruim do ambiente aquático. “Às vezes são memórias intrauterinas, inconscientes e que impedem a pessoa de se sentir segura dentro da água, mesmo estando na parte rasa da piscina”, explica a professora.

Acolher e auxiliar
Patrícia conta que quando a pessoa consegue se sentir segura dentro da água, baixa os níveis de cortisol, equilibra as vitaminas e consegue se exercitar. “Melhora a qualidade de vida, fortalecendo a saúde e reduzindo a necessidade das consultas médicas”, diz.

As técnicas para encorajar são personalizadas, considerando as características de cada aluno. “Ela é incrível e tem me ajudado a superar o pavor da água, a me exercitar na piscina”, conta a massoterapeuta Clarisse Quadros, 55 anos. O medo da água apareceu depois de um afogamento.

“Eu precisava praticar hidroginástica para me livrar da dor, mas o pânico também me prejudicava”, conta a aluna Clarisse Quadros.

As lembranças de um afogamento na praia, aos 8 anos de idade, também impediam a dona de casa Alexandra Pereira, 45 anos, a encarar a piscina. Quando criança gostaria de ter feito aulas de natação, mas o medo sempre a atrapalhou. Um desgaste no joelho e a necessidade de fortalecimento muscular indicaram a hidroginástica como atividade fundamental para a recuperação.

A primeira aula foi difícil até que Patrícia escalasse a aluna para a ambientação aquática. “Eu só ficava nas beiradas, mal me mexia e acabava sem resultado prático nas aulas. Hoje sou outra pessoa, aprendi a respirar, a ficar tranquila dentro da água e a me movimentar”, conta Alexandra.

Salvamento
Outro projeto da professora Patrícia no Clube da Gente Boa Vista é voltado a crianças e adolescentes. São aulas de salvamento, que orientam como agir em caso de emergência, como uma queda acidental em uma piscina funda.

Para aprender a técnica os alunos fazem as aulas vestidos com roupas e calçados. O propósito é treinar como se livrar de objetos que podem atrapalhar a flutuação.

As aulas de salvamento também são voltadas ao púbico matriculados nas aulas do Clube da Gente.