Trazendo ao público infanti uma aventura sensória e sensível, a peça BURACO, trabalho mais recente da diretora estreante Elisabete Finger, chega a Curitiba para se comunicar com as crianças de maneira diferente da narrativa tradicional.

A peça, feita em parceria com a performer portuguesa Cinira Macedo e os brasileiros Jamil Cardoso e Sandro Amaral (ambos integraram a companhia de danças Lia Rodrigues), foi criada em e passou por residências artísticas em mais duas cidades da Alemanha: Essen (no PACT Zollverein) e Potsdam (no Fabrik Potsdam).

Segundo Elisabete, a obra veio de um desejo de partilhar com um público infantil outras possíveis lógicas relacionais, abrindo espaço para uma aventura sensória e sensível. Tudo isso através de uma jornada dos três perfomers por diferentes espaços. Eles viajam, cruzam e perfuram paisagens: grandes, pequenas, apertadas, fantásticas, silenciosas, barulhentas, verdes, escuras, estampadas, cabeludas…, conta a diretora.

Quando entra na sala e olha para o palco, o público se depara com uma grande paisagem negra, um grande volume de plástico preto recobre a maior parte da cena. Quando os dançarinos perfuram esta paisagem, começa a aventura, a jornada ao interior do BURACO.

A sensorialidade e a construção de paisagens já fizeram parte de trabalhos anteriores da artista. Desde seu trabalho Amarelo (2007), desenvolve pesquisas que perseguem o que costuma chamar de uma ‘lógica de sensações’. Com BURACO, porém, é a primeira vez que ela se dedica a trabalhar com o público infantil.

O fato de se tratar de uma peça para crianças não foi em nenhum momento um pretexto para se trabalhar com menos rigor. Isso nos trouxe a responsabilidade de procurar falar também para este público, estimulando sua percepção, provocando-a de forma criativa. Isso nos levou a incluir crianças também no processo de criação. Durante o período de trabalho na Alemanha, contamos com a assistência muito especial de Xenia Hauf, de cinco anos de idade, que visitou nosso estúdio em diferentes momentos, e contribuiu com seus comentários, perguntas e sugestões mais sinceras. BURACO procura se afastar de uma lógica de ‘distração’ que parece predominar nas obras pensadas para crianças. Para a criação de BURACO nos perguntamos ‘o que mais’, o que de ‘outro’ é possível oferecer a um público infantil.

Apesar de ter sido criado para crianças, Elisabete Finger afirma que o trabalho pode ser visto por pessoas de qualquer idade. É uma peça à qual as crianças podem levar os pais. BURACO é feito de imagens abertas, a serem preenchidas pela criatividade de cada um. As crianças o farão do seu modo, os adultos também. Assim, as conversas após o espetáculo são uma troca de imaginários, onde a experiência da criança completa a do adulto e vice-versa.

Serviço: Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho,305, São Francisco), dias 16 e 17 de novembro , às 19h, entrada franca.