Gilson Abreu/Fiep

A indústria do Paraná exportou US$ 16,4 bilhões e importou US$ 12,7 bilhões em 2019. Com isso, o saldo da balança comercial do estado, no período, ficou positivo em US$ 3,7 bilhões. Os números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, mostram que apesar de positivo o saldo é 50% menor do que o registrado no ano anterior, que foi de US$ 7,5 bilhões. Houve queda de 18% nas exportações e crescimento de 2,6% nas importações no ano passado, quando comparadas com o resultado de 2018.

Os produtos que o Paraná mais exportou em 2019 foram soja (US$ 4,9 bilhões), 31% a menos do que no ano anterior; carnes (US$ 2,8 bilhões), crescimento de 9,7%; material de transporte (US$ 1,8 bilhão), queda de 47%; e madeira (US$ 1,1 bilhão), redução de 13% na comparação com 2018. Quando se avalia a quantidade de produtos, o Paraná exportou 25% menos material de transporte, 21% menos soja e 1 % menos madeira. Já o setor de carnes registrou aumento de 1,8% no ano passado.

Produtos químicos foram os principais itens importados pelo Paraná em 2019 (US$ 3,9 bilhões), queda de 6% em relação ao ano anterior; em seguida vem material de transporte (US$ 1,95 bilhão), com alta de 25%; petróleo e derivados (US$ 1,88 bilhão), crescimento de 2,3%; e produtos mecânicos (US$ 1,1 bilhão), aumento de 1,5% na comparação com 2018.

Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, o desempenho das exportações paranaenses acompanharam o resultado nacional, também de queda. O saldo da balança comercial brasileira ficou em US$ 48 bilhões, recuo de 21% em 2019. Em 2018, foi de US$ 58 bilhões. As exportações somaram US$ 225,4 bilhões, enquanto as importações ficaram em US$ 181,2 bilhões.

“Os números divulgados até agora sugerem que houve um dinamismo menor da economia mundial no ano passado, com possível queda no ritmo de crescimento. E isso também se refletiu na atividade de comércio exterior no Paraná e no Brasil”, explica. “Os conflitos comerciais entre China e Estados Unidos, os maiores produtores e consumidores do mundo, e um dos principais destinos das exportações brasileiras e paranaenses, além da crise econômica na Argentina influenciaram no resultado. O valor das exportações do estado para país vizinho caiu 28% em 2019”, avalia.

Por outro lado, a variação cambial foi favorável às exportações no ano passado, embora não o suficiente para compensar as perdas. Outro ponto foi a melhora na economia brasileira, que se refletiu em mais vendas de veículos para atender ao mercado interno. “O setor automotivo, um dos principais do Paraná, puxou o crescimento da produção industrial do estado no ano passado, com 27% de crescimento até novembro. Isso também gerou alta nas importações de peças e componentes elétricos e eletrônicos para atender a esta demanda, mantendo o bom desempenho da indústria do estado”, conclui o economista.

Expectativa para 2020

Apesar da performance ruim da balança comercial paranaense no ano passado, outros números demonstram que a expectativa do empresário é positiva para este ano. Em dezembro, a Sondagem Industrial da Fiep revelou que quase 80% dos industriais estavam otimistas para 2020. Em parte, em virtude do resultado da produção industrial do estado, que entre janeiro e novembro atingiu o maior crescimento do país em relação ao mesmo período do ano anterior, 5,4%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para completar, o Centro Internacional de Negócios da Fiep (CIN) divulgou outro dado positivo. Só em janeiro deste ano emitiu mais de quatro mil certificados de origem para 441 empresas. O documento é obrigatório para atividade de exportação e comprova a origem brasileira de um produto, além de garantir isenção ou redução de impostos em casos de acordos e parcerias internacionais.

O número foi recorde em relação ao mesmo mês dos anos anteriores. De acordo com Reinaldo Tockus, gerente executivo de Assuntos Internacionais do Sistema Fiep, a informação é bem expressiva. “Em relação ao ano passado foi muito bom, o que sinaliza uma melhora na confiança do empresário exportador e um aumento de interesse por parte do mercado externo em relação aos produtos paranaenses. Esse número, sem dúvida, é um ótimo sinal para a economia nesse ano”, declara.