ANGELA BOLDRINI, GUSTAVO URIBE E MARINA DIAS

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa falhou na tentativa de reunir o apoio dos diferentes grupos do PSB em seu primeiro teste como possível candidato presidencial.

Em reunião nesta quinta (19), na qual se apresentou aos dirigentes da sigla, ele gerou dúvidas sobre a disposição em disputar a sucessão ao Planalto e teve sua eventual candidatura questionada por segmentos de peso da legenda.

O nome de Barbosa enfrenta resistência junto a dirigentes da sigla do Nordeste e do Sudeste, os quais avaliam que o lançamento da candidatura própria atrapalha a composição de alianças estaduais.

No encontro de cerca de duas horas, apenas um dos quatro governadores da sigla presentes participou até o fim. O primeiro a deixar a reunião, Márcio França, de São Paulo, defendeu o apoio da sigla a Geraldo Alckmin, do PSDB.

O segundo a deixar o encontro, Ricardo Coutinho, da Paraíba, pregou que o ideal seria a formação de uma "ampla frente democrática", podendo ou não ter o PSB como cabeça de chapa.

"O partido tem a sua história, tem as suas dificuldades regionais", admitiu Barbosa.

Para tentar superar as dificuldades, ele deve iniciar a partir da semana que vem uma ofensiva individual aos governadores da sigla.

Além da desunião, a postura dúbia -embora estratégica porque o blinda de cobranças antecipadas- do ex-ministro com relação à candidatura desagradou a cúpula da sigla. No encontro, ele afirmou que sua família é contra a sua participação na eleição e disse ainda não ter convencido a si mesmo sobre ser candidato.

"Eu ainda não consegui convencer a mim mesmo de que devo ser candidato. Então, persiste essa dúvida muito grande da minha parte. Isso afeta a vida pessoal minha, da minha família", disse.

Na chegada, contudo, Barbosa comemorou o resultado da última pesquisa Datafolha, em que tem entre 9% e 10% de intenções de voto. "Para quem não vai frequenta ambientes públicos, órgãos públicos, quem não dá entrevista, quem leva uma vida pacata, está muito bom, né?"

Nos bastidores, no entanto, Barbosa tem deixado claro que já tomou a decisão de ser candidato e começa a discutir um programa de governo com a defesa do voto distrital misto, ensino integral, geração de emprego e reforma previdenciária.

"Ele tem posição mais à esquerda, mais ao centro e mais à direita do que nós", resumiu o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (MG).

O habitual comportamento inflexível de Barbosa refletiu em sua estreia com a militância e a imprensa. Ele tentou fugir dos jornalistas, irritou-se com o assédio e ignorou homenagem feita pelo movimento negro com cartazes e flores.

"A gente fez um material muito lindo para receber o senhor", disse a secretária-geral da Negritude Socialista, Valneide Nascimento, que o abordou na chegada.

"Eu tenho horário", disse Barbosa. "Vejo quando sair."