Frankin de Freitas – Setor chegou a ter mais de 14 mil empreendimentos em Curitiba

O ano de 2022 está sendo de recuperação para o setor gastronômico do Paraná. Após dois anos com muitas dificuldades impostas pela pandemia do novo coronavírus, bares e restaurantes de todo o estado (e em especial da capital paranaense) estão vendo crescer o movimento e o faturamento. A expectativa, inclusive, é de uma melhora ainda mais expressiva nos próximos meses, em especial por conta da disputa da Copa do Mundo de futebol, evento que costuma alavancar o setor.

Segundo um estudo divulgado nesta semana pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), as empresas do setor registraram em julho o melhor desempenho do ano, com a proporção de estabelecimentos que tiveram lucro subindo de 35 para 37% e os que fecharam o mês com prejuízo caindo de 29 para 26%.

Segundo Luis Fernando Menuci, presidente da seccional paranaense da Abrasel, os resultados só não foram ainda melhores no último por conta da inflação, ou seja, do aumento de custos, que na maioria dos casos não foi repassado ao consumidor. Ainda assim, ele aponta que o setor já nota uma estabilização nos preços e o sentimento, de maneira geral, é de otimismo entre os empresários.

“A expectativa é de melhora. Vivemos uma tendência de alta [no movimento e no faturamento] e a expectativa é que o mês de agosto e setembro sejam ainda melhores do que foi julho. Todo mundo está pensando em contratar”, diz Menuci. “2022 vai ser um ano melhor do que foi 2021. E ainda tem a Copa do Mundo, um período em que todo mundo se reúne e as vendas sempre aumentam. Os restaurantes já estão até se preparando para isso”, complementa.

Já Fabio Aguayo, que é presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), explica que o mercado como um todo já recuperou entre 80 e 90% do movimento considerado normal, no que já pode ser considerado o melhor ano para o setor gastronômico desde 2020, quando teve início a pandemia do novo coronavírus. “Finais de semana tem sido sempre com casas cheias, durante a semana tem menos movimento. Mas já está ajudando a gerar emprego”, diz ele.

Em Curitiba, afirma ainda Aguayo, haviam 14 mil empresas atuando o setor gastronômico (incluindo casas noturnas) antes da pandemia. O número chegou a cair para 8 mil durante a crise sanitária e a expectativa é superar novamente a marca de 10 mil empresas na capital paranaense até o final do ano.

“Tem muita casa reabrindo, novos estabelecimentos surgindo, muitas casas noturnas tentando se reerguer. Vemos uma tendência de abertura, inclusive com gente nova entrando no mercado. Não são empresários que estão reabrindo, mas pessoas novas que estão chegando mesmo, trazendo novos cases e oferecendo novas experiências para o consumidor”, comemora.

‘Que além de flores, nessa primavera também nasça a esperança pra gente’

Menuci, da Abrasel-PR, e Aguayo, da Abrabar, comentam ainda que os impactos da pandemia ainda refletem sobre o setor gastronômico. É que além das contas de hoje, as empresas estão também tendo de pagar com as dívidas de ontem, arcando com empréstimos feitos para sobreviver em meio à crise sanitária, por exemplo.

“A grande maioria das empresas pegou dinheiro emprestado. Isso traz um pouco de dificuldade, ainda mais com a inflação, que faz os valores dos empréstimos subirem, mas a expectativa ainda é de melhora, sem dúvida”, afirma o presidente da Abrasel-PR.

O presidente da Abrabar, por sua vez, comenta esperar que nesta primavera, além de flores, também volte a nascer a esperança para o empresariado paranaense. Segundo ele, com mais planejamento e um olhar estratégico, o setor poderá ter um 2023 ainda mais próspero. Lucro mesmo, no entanto, apenas a partir de 2024. “Estamos ainda pagando duas contas, a atual e a passada. Mas se trabalharmos bem, vamos superar todas essas incertezas e honrar com todos os compromissos”.

Se não houver imprevistos, 2023 será ainda melhor, diz o setor

Localizado na região da Ópera de Arame, no bairro Abranches, o restaurante Paulo Leminski é um dos estabelecimentos de Curitiba que já vive dias melhores. Por ficar estar num ponto turístico, o estabelecimento registrou em julho um movimento extraordinário graças ao período de férias. “Nessa semana deu uma queda, porque os eventos estão mais parados, veio também o frio… Mas voltando a melhorar o clima, retomando os eventos, já alavanca de novo”, diz Edjalma Eccher, proprietário.

Ainda segundo o empresário, o ano de 2022 está sendo um pouco melhor do que foi 2021 e a melhor notícia é que a inflação parou de subir de maneira exacerbada, com alguns preços até tendo recuado. “A expectativa é boa e daqui para frente vai ser melhor, com certeza. Também vemos que as pessoas estão mais confiantes, nos próximos meses teremos grandes show por aqui também, e tudo isso ajuda”, diz ele, reforçando que o ano de 2023 deve ser ainda melhor que 2022.

“Se continuar nessa caminhada, ano que vem é para ser bem melhor que este ano. Mas isso se não der nenhuma loucura nesse mundo afora. Em relação à economia, se continuar como está, é para ir melhorando e nós também vamos investir mais. É para começar a dar certo de novo”, aponta.