Divulgação – Carlos Walter Martins Pedro (esquerda) e Eugenio Souza de Bueno Gizzi (direita): situação VS oposição

Nos últimos anos o Brasil enfrentou um dos mais intensos processos de desindustrialização de sua história. Até 2014, segundo dados do IBGE, havia no país 209.561 indústrias, que empregavam 8,4 milhões de pessoas. Três anos depois, o número caiu para 189.018 indústrias, enquanto o número de pessoas ocupadas passou para 7,2 milhões. Dentro desse cenário, o Paraná também sofreu: o estado chegou a ter 18.860 indústrias em 2015, mas atualmente conta com 17.555. O número de empregados também registrou retração: chegou a ser 709 mil, em 2013, e atualmente está em 630 mil. É esse cenário um tanto desalentador e desafiador que aguarda o novo comando da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), entidade que realiza hoje a eleição de sua diretoria, do conselho fiscal e dos delegados representantes para o quadriênio 2019-2023.
A eleição acontece das 12 às 18 horas e ao menos 96 sindicatos estão habilitados a participar do pleito, com um representante de cada entidade tendo direito a voto. Os votos serão apurados no mesmo dia e, em seguida, abrem-se prazos para recursos. O edital de confirmação da chapa eleita será publicado em 13 de setembro e o mandato da nova diretoria começa em 1º de outubro. No páreo, dois candidatos disputam a presidência. Um deles, considerado o candidato de situação, é Carlos Walter Martins Pedro, da chapa “Foco na Indústriia Fiep para os sindicatos”. Dono de uma empresa de bombas hidráulicas, ele também é presidente do Sindimetal de Maringá. O outro candidato, de oposição, é Eugênio Souza de Bueno Gizzi, da chapa “Sindicato Forte, Fiep Maior”. Ele é dono da Itaúba, empresa especialista em obras como pontes e viadutos e quetambém foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR).
Em jogo, os rumos do setor industrial no Paraná, além de um orçamento anual de aproximadamente R$ 826 milhões (sendo R$ 438 milhões do Sesi e R$ 339 milhões do Senai).

Carlos Walter Martins Pedro, da chapa “Foco na indústria Fiep para os sindicatos”
Bem Paraná: Por que o senhor decidiu ser candidato a presidente da Fiep?
Carlos Walter Martins Pedro: É um processo natural. Sou industrial há 37 anos, participo do sindicato da categoria há mais de 30 anos e também da federação. E como eu participo, vejo a importância do sistema Fiep na defesa dos interesses da indústria, com qualificação damão de obra e auxílio tecnológico, questão de saúde do trabalhador, qualificação. Como participo desse processo e vejo muito valor, é um caminho natural ofertar meu nome para contribuir mais.

BP: Durante sua gestão, quais serão as pautas prioritárias da Fiep?
Carlos Walter: Vamos fazer a defesa dos interesses da indústria, que será parceira dos governos federal e estadual no que couber. Seremos parceiros prontos e dispostos à colaboração. Melhoria da infraestrutur e redução dos custos industriais que temos são outros pontos. Porque temos uma situação razoável (de custo) da indústria para dentro, quando sai pra fora que encarece. O Brasil tem custos internos (impostos e encargos) que outros países não têm. Essas coisas que precisamos combater e ajudar.

BP: Como visualiza o acordo entre Mercosul e Uniao Europeia? De que forma ele deve impactar a indústria e quais suas vantagens e desvantagens?
Carlos Walter: Esse acordo (com a UE) gera oportunidades, Brasil é grande exportador de commodities. Por outro lado, temos a competição com países de larga experiência industrial e isso vai impactar a competição aqui. Mas temos uma vantagem sobre essa questão vista em primeiro grau como negativa: o subsídio gera uma acomodação. A abertura vai nos obrigar a tornar competititvos, produtivos para competir. E o Brasil é o quinto maior país do mundo em população, ainda temos muito a investir.

BP: Quais as expectativas do senhor com relação aos próximos anos e este início de novas gestões nos governos estadual e federal?
Carlos Walter: Com muito bons olhos e otimismo. Estamos no fundo de uma crise bastante longa e negativa. As ações do governo federal estão Indo no caminho corretos, de sanar coisas básicas da nossa macroeconomia. O governo estadual também começa com disposição de sanar contas e ações, merece toda nossa confiança.

BP: O ministro da economia, Paulo Guedes, já falou abertamente sobre a possibilidade de ficar com recursos do Sistema S (Sesi e Senai). Caso isso se concretize, como lidar com a redução orçamentária?
Carlos Walter: O que precisamos é buscar a sustentabilidade nessas entidades, e isso vai ser conseguido gerando mais valor agregado junto à indústria. Só serão sustentáveis se cumprirem sua misão perante a indústria, gerando valor e serviços de intereses da indústria. Essa situação de redução de orçament vai nos obrigar a buscar caminhos mais sustentáveis.

Eugenio Souza de Bueno Gizzi, da chapa “Sindicado Forte, Fiep Maior”
Bem Paraná: Por que o senhor decidiu ser candidato a presidente da Fiep?
Eugênio Souza de Bueno Gizzi: Alguns dizem que a minha fragilidade é o fato de só estar há 4 anos na diretoria da Fiep, enquanto meu adversário está há mais de 30. O que julgam como fragilidade, eu julgo como virtude. Me posiciono contra coisas dentro da Fiep, como o sistema de governança, um presidencialismo absoluto. A falta de transparência também é uma coisa incrível. Essas são as primeiras mudanças que farei quando chegar lá.

BP: Durante sua gestão, quais serão as pautas prioritárias da Fiep?
Gizzi: A mudança do sistema de governança, transparência, rever os nossos custos internos para visar, ouvindo mais o industrial, dar mais retorno em nossos projetos via Senai, Sesi, para ser algo com valor agregado bem claro para nossas indústrias utilizarem mais esse serviço. A terceira é fortalecer nossos sindicatos, fazer ser mais atrativo aos industriais participar. E por útimo voltar a ter interloccução com o governo, coisa que perdemos ao longo dos últimos 15 anos.

BP: Como visualiza o acordo entre Mercosul e Uniao Europeia? De que forma ele deve impactar a indústria e quais suas vantagens e desvantagens?
Gizzi: A grande vantagem é abrir um baita de um mercado, tanto em termos de população como de PIB. De outro lado, também é importante para ter acesso a tecnologias novas. Esses são dois dados importantes para nós. Mas se feito de maneira errada, vamos até criar um risco de afetar mais a competitivdade das nossas indústrias, porque seria competir de forma desigual. Temos de estar nessa mesa para ajustar esses detalhes e competir com as indústrias europeias.

BP: Quais as expectativas do senhor com relação aos próximos anos e este início de novas gestões nos governos estadual e federal?
Gizzi: Os dois governos são receptivos ao setor produtivo e entendemos que é imporatne que haja essa condição, essa amistosidade, não ver o empresário com maus olhos, mas alguém que pode trazer junto o progresso, o desenvolvimento. Vejo isso no governo estadual e no federal, mas precisamos de algo a mais, destravar esse desenvolvimento.

BP: O ministro da economia, Paulo Guedes, já falou abertamente sobre a possibilidade de ficar com recursos do Sistema S (Sesi e Senai). Caso isso se concretize, como lidar com a redução orçamentária?
Gizzi: Antes disso temos de fazer nosso dever de casa. Há uma percepção que gastamos muito e podemos ser mais econômicos. Ao sermos mais econômicos, vamos prestar um serviço mais adequado em termos do próprio processo, de atualização dos sistemas de educação profissional. A partir daí vamos conversar com o ministro, mostrando o que fizemos e qual seria o dano sem o Sesi e o Senai.