Beatriz Abagge, condenada pelo assassinato do menino Evandro Ramos Caetano, 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná, está respondendo aos internautas sobre questões relacionadas ao caso Evandro, que recentemente passou a ser relatado em um podcast. A publicação, uma série de suspense, fiel aos fatos sobre o caso contava com mais de 600 mil downloads somente nos primeiros dez capítulos. A série “Caso Evandro”, do Projeto Humanos, vai virar livro. O autor, Ivan Alexander Mizanzu, falou com o Blog Barulho Curitiba, do portal Bem Paraná, na semana passada.

Na postagem de quatro dias atrás, Beatriz afirma estar à disposição dos internautas para responder dúvidas sobre o caso. Beatriz se apresenta como Terapeuta Ocupacional, Bacharel em Direito e diz ter dificuldades para conseguir a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pois alega ter passado no exame da ordem em 2016. Em um caso cheio de reviravoltas, Beatriz foi condenada em 2011 pelo sequestro e morte de Evandro Ramos Caetano em 1992, mas em 2016, o Tribunal de Justiça perdou a pena dela, que era de 21 anos e 4 meses de prisão. 

Beatriz afirma no site Reddit que não tem “pesadelos”. “Jamais abandono a paz em minha mente e em meu coração, aprendi isso enquanto estava injustamente presa,as agentes e as pessoas que me condenavam podiam controlar completamente a situação e o ambiente onde eu estava podiam fazer o que quisessem com meu corpo que eu atuava como observadora do meu destino.Sabe porque? PORQUE EU PODIA DECIDIR DENTRO DE MIM O QUE IA ME AFETAR, pois eu escolhia qual seria minha reação eu exercia a minha opção”, escreveu. A mesma postagem é finalizada por Beatriz com pedido para que os textos dela não sejam mais copiados e compartilhados nas redes sociais. 

Evandro tinha 6 anos quando desapareceu em 6 de abril de 1992. O corpo foi encontrado em 11 de abril, jogado em um matagal da cidade, sem vários órgãos, com mãos e pés amputados, e vísceras e coração arrancadas.

A promotoria pública do Paraná acusou Beatriz Cordeiro Abagge e sua mãe, Celina Abagge, como mentoras do sequestro e morte de Evandro com o intuito de utilizar o corpo em um ritual de magia negra. As duas eram, respectivamente, filha e esposa do então prefeito da cidade litorânea, Aldo Abagge. Em 23 de março de 1998, Beatriz e Celina foram julgadas, pela primeira vez, no mais longo júri da história da justiça brasileira com 34 dias de julgamento, e consideradas inocentes. Em 1999 o júri foi anulado, sendo retomado o julgamento em maio de 2011.

Outros envolvidos no assassinato, também foram julgados pelo crime, como o pai de santo Osvaldo Marcineiro. o pintor Vicente Paulo Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares foram condenados em 2004. Já Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos foram absolvidos em 2005.

O caso foi relembrado no ano passado em razão da popularidade do Projeto Humanos, que lançou um podcast sobre o caso Evandro. O projeto tem formato storytelling (uma forma de contar histórias, através de áudios veiculados na inernet), popularmente utilizado em podcasts dos EUA, como Radiolab, This American Life e Serial.