José Eduardo Belmonte está feliz da vida com o novo filme, Carcereiros, que estreia nesta quinta, 28, nos cinemas. Carcereiros – O Filme, para diferenciar da série. Adriano/Rodrigo Lombardi, que viveu dividido entre duas mulheres, agora vê o presídio explodir mais uma vez. A presença de um terrorista responsável pela morte de crianças acirra os ânimos e o código de ética do crime decreta sua morte. Só isso já renderia um relato explosivo, mas o presídio é invadido por um grupo paramilitar com toda parafernália bélica a que tem direito. O que querem esses homens, que promovem uma chacina e possuem instrumentos para identificar, facialmente, suas vítimas? Chega de spoiler. O desfecho é explosivo.

Belmonte, de 49 anos, iniciou-se como cineasta autoral, fazendo filmes como Subterrâneos e A Concepção. Com Alemão, de 2014, tentou algo mais espetacular. Virou diretor na Globo. Sabe que isso queimou seu filme com parte da crítica. “Não posso fazer nada, se me rejeitam. Se tentar fazer filmes para agradar aos outros, não vou nem saber por onde começar. Faço como gosto e sei. Às vezes erro feio.” Billi Pig, de 2012, foi o que Belmonte chamaria de acidente de percurso, e até hoje ele tenta entender por que aquele filme deu tão errado.

“Tinha um elenco ótimo, uma história que parecia boa.” No elenco, estavam Selton Mello, Milton Gonçalves, Otávio Müller e Grazi Massafera. A última brilha agora como protagonista da novela das 7, Bom Sucesso. “Fico muito feliz, a Grazi é muito talentosa.”

Ele não veio apresentar Carcereiros na Mostra porque terminava as filmagem de As Verdades. O longa coproduzido pela Globo e pelos irmãos Caio e Fabiano Gullane conta um crime que abala comunidade litorânea do Nordeste. Lázaro Ramos está à frente do elenco. Como em Alemão e Carcereiros – também é diretor-geral da série -, Belmonte volta aos tempos fortes. Na vida, atravessou uma fase difícil por motivos íntimos que não vale explicitar. Está bem – mais magro, centrado. E trabalhando duro, o que é uma bênção nesse período que está sendo tão difícil para o cinema. Apropriou-se de Carcereiros, e fez um filme autoral sobre o País.

“Adriano é um personagem sob pressão, entre a violência do crime e a do Estado. É o eixo de uma história que tem dimensão política e social, e promove o diálogo entre universos distintos. O filme é basicamente interpretado por homens – Belmonte viu O Irlandês, quer saber, só por curiosidade, o repórter? Não, ele não viu, e o diretor reúne um extenso elenco masculino, oferecendo um grande papel a um ator que tem se destacado mais no cinema autoral, Rômulo Braga. “O Rômulo é poderoso”, crava Belmonte. A próxima série, na Globo, no ano que vem, se passa numa estação da Antártida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.