Franklin de Freitas – Apu00f3s depoimentos

A manhã começou movimentada na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no bairro Ahú, em Curitiba. Presos na última terça-feira (11 de setembro), o ex-governador Beto Richa e sua esposa, Fernanda, chegaram ao local por volta das 8h30 para prestar depoimento. Logo em seguida, por volta das 9 horas, foi vez do empresário Joel Malucelli, sogro de João Arruda e primo do candidato a vice-governador de Cida Borghetti, Coronel Malucelli, entregar-se às autoridades.

O ex-governador do Paraná e sua esposa prestaram depoimento aos promotores do Ministério Público do Paraná (MPPR) no começo da tarde. Enquanto Beto preferiu utilizar o direito de não se manifestar, deixando as perguntas dos investigadores sem resposta, sua esposa prestou depoimento por cerca de uma hora. Agora, os dois retornam para o Regimento de Polícia Montada, no Tarumã, onde estão presos

Ontem, outros dois membros da família Richa prestaram depoimento ao Gaeco: Pepe Richa, irmão de Beto, e André Richa, um dos três filhos do ex-governador e candidato ao Senado.

Já Joel Malucelli, que chegou a ser considerado foragido, entregou-se às autoridades após retornar de viagem à Itália e agora ficará preso, cumprindo o mandado de prisão expedido pelo juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba. Após chegar à sede do Gaeco, ele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para realizar exames de praxe para o ingresso no sistema carcerário. Ele ficará preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Outros depoimentos

Outros dois que deporam nesta sexta-feira foram André Bandeira e Edson Casagrande. Os dois chegaram à sede do Gaeco cerca de 15 minutos depois do casal Richa, ou seja, por volta das 8h45. Casagrande, ex-secretário estadual e empresário,foi o primeiro a depor, seguido de André, Beto e Fernanda, nessa ordem.

Ontem foram ouvidos como declarantes na investigação o André Richa e um representante da Conttrans, identiticado como Bruno. Entre os investigados, prestaram depoimento Pepe Richa, Dirceu Puppo, Aldair Neco, do DER, e o empresário Celso Frare. Já em Londrina, foi ouvido Luiz Abi Antoun, primo de Beto Richa.

Habeas corpus negado

A ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, rejeitou ontem pedido de habeas corpus da defesa do ex-governador e candidato ao Senado, Beto Richa (PSDB) e de sua esposa, a ex-secretária da Família, Fernanda Richa, presos desde a última terça-feira, na operação “Rádio Patrulha”, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual, que investiga suspeita de fraudes em obras de estradas rurais. Na noite de quarta-feira, o mesmo pedido para libertar o tucano e sua mulher já havia sido negado pelo desembargador Laertes Ferreira Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ). A defesa do tucano recorreu então ao STJ. 

A prisão temporária é válida por cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco ou convertida em preventiva, sem prazo. Na decisão de quarta-feira, o desembargador do TJ afirmou que as prisões são necessárias para evitar que eles e os demais detidos deturpem a investigação “orientando testemunhas e destruindo ou alterando documentos”. Richa e Fernanda são acusados de participar de um esquema que teria desviado mais de R$ 70 milhões através de fraude em licitações do programa “Patrulha do Campo”, de obras de melhorias em estradas rurais. Eles negam as acusações. As denúncias foram baseadas nas delações do ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), Nelson Leal Júnior e do ex-deputado estadual Tony Garcia, amigo de infância do ex-governador.

DER diz estar colaborando com as investigações

Em nota encaminhada à imprensa, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) informou estar colaborando com as operações do Gaeco e Lava Jato por determinação da governadora Cida Borghetti, destacando ainda que "a direção do órgão foi substituída em abril de 2018", que "não tolera práticas de corrupção" e que o órgão permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. 

Ainda segundo o DER-PR, o programa Patrulha do Campo, iniciado em março de 2013, foi encerrado em julho de 2015. Já o contrato com a concessionária Rota das Fronteiras para a concessão do Corredor da PR-323 foi rescindido em maio de 2017, sem qualquer ônus para o Estado.