SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira afundou nesta sexta-feira (10) e quase zerou os ganhos do ano, contaminada pela aversão a risco no exterior após os Estados Unidos anunciarem a ampliação de tarifas sobre a Turquia.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, recuou 2,86%, para 76.514 pontos. Na semana, acumulada queda de 6,04% e, no ano, ligeira alta de 0,15%.

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta que autorizou o Departamento de Comércio a dobrar as tarifas sobre aço e alumínio importados da Turquia, em medida que agravou a crise cambial vivida pela lira turca.

A moeda da Turquia tombou 14,63% ante o dólar neste pregão. No ano, perde 41,10%.

“O movimento da lira turca preocupa praticamente a todos”, escreveu a corretora H.Commcor em relatório. “Os investidores acionando o ‘modo pânico’ em meio à preocupação com a solvência daquele mercado”, acrescentou.

Das 31 principais divisas do mundo, 29 se desvalorizaram em relação à moeda americana. As exceções são o dólar de Hong Kong, que demonstra estabilidade, e o iene, que avançou 0,25%.

Em relação ao real, o dólar subiu 1,57%, para R$ 3,8640. No dia, chegou a bater R$ 3,8740. A moeda acumula alta de 3,6% em relação ao real na semana e de 16,6% no ano.

“A Turquia, como emergente, contagia os demais países do grupo se sua moeda é atacada. Mas a aversão ao risco é mundial. Todo mundo corre para um lugar seguro, que é o dólar. O investidor não quer ficar esperando o final de semana para ver o que acontece na segunda-feira. É melhor estar comprado em dólar e depois, eventualmente, desfazer posição do que sofrer uma surpresa na próxima semana”, diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Lá fora, os maiores mercados globais fecharam no vermelho. Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice de Nova York, caiu 0,77%, enquanto o S&P 500 recuou 0,71%.

Na Europa, a Bolsa alemã perdeu 1,99%, a francesa recuou 1,59% e a britânica caiu 0,97%. O BCE (Banco Central Europeu) está preocupado com a exposição de alguns dos maiores financiadores da área de câmbio à Turquia —principalmente BBVA, UniCredit e BNP Paribas— em vista da queda dramática da lira.

“A crise [da Turquia] é reflexo da indisciplina fiscal e um balanço de pagamentos fragilizado. Existe a possibilidade de risco sistêmico no sistema financeiro europeu que é o grande financiador do governo e das empresas turcas”, disse a Guide Investimentos em seu relatório.