José Cruz/Agência Brasil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Depois de publicar vídeo polêmico e ser criticado, o presidente Jair Bolsonaro disse por meio de nota que não pretendia criticar o Carnaval de forma genérica.

“Não houve intenção de criticar o carnaval de forma genérica, mas sim caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia, a crítica saudável e a criatividade da nossa maior e mais democrática festa popular”, diz texto divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Palácio do Planalto.

A nota foi divulgada no início da noite desta quarta após o presidente ter usado sua conta oficial do Twitter na terça (5) para divulgar um vídeo em que um homem aparece dançando sobre um ponto de táxi após introduzir o dedo no próprio ânus. Na sequência, surge outro rapaz que urina na cabeça do que dançava.

O presidente diz que a cena escandalizou o país e que se trata de um crime, sem especificar qual. “É um crime, tipificado na legislação brasileira, que violenta os valores familiares e as tradições culturais do carnaval”, diz o texto.

Em sua publicação, Bolsonaro diz ainda que não se sente “confortável em mostrar”, mas argumenta que tem “que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões [conclusões]”.

Inicialmente, a assessoria de imprensa disse que não iria se manifestar sobre o caso por se tratar de conta pessoal de Bolsonaro.

Na manhã de quarta ele voltou à rede enquanto a hashtag “goldenshowerbolsonaro” era um dos assuntos mais comentados na rede social no Brasil. O presidente fez um post indagando “o que é golden shower?”.

Golden shower é o nome popular -em inglês- para o fetiche de urinar na frente de um parceiro ou sobre ele. Novas críticas vieram de oposicionistas e de apoiadores.

Entre os usuários, alguns criticaram o dirigente por ele ter sido o responsável por compartilhar imagens com conteúdo pornográfico, levando esse tipo de mensagem a chegar a crianças e menores.

Bolsonaro se elegeu, entre outras bandeiras, por defender o fim da educação sexual nas escolas. Por meio da bandeira do projeto Escola sem Partido, o presidente diz com frequência que governos de esquerda promoviam a erotização das crianças. 

Confira a íntegra da nota:

“A respeito de publicação realizada na conta pessoal do Presidente da República, em 5 de março, convém esclarecer que:

– No vídeo, postado pelo Sr Presidente da República em sua conta pessoal de uma rede social, há cenas que escandalizaram, não só o próprio Presidente, bem como grande parte da sociedade.

– É um crime, tipificado na legislação brasileira, que violenta os valores familiares e as tradições culturais do carnaval.

– Não houve intenção de criticar o carnaval de forma genérica, mas sim caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia, a crítica saudável e a criatividade da nossa maior e mais democrática festa popular.”