BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em reunião ministerial na manhã desta terça-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pediu aos integrantes de sua equipe que não compareçam às manifestações marcadas para o próximo domingo (26) em apoio ao governo.

Diante disso, o próprio presidente, que chegou a avaliar ir aos atos em apoio ao seu governo, desistiu de participar.

Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, o presidente deu uma orientação genérica aos ministros durante a reunião desta segunda.

“Por tratar-se de uma manifestação livre e espontânea, [o presidente] não quer associá-la ao governo”, disse o porta-voz à reportagem ao ser questionado sobre os motivos da orientação.

Segundo relatos feitos reservadamente à reportagem, a recomendação de Bolsonaro foi feita depois que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, consultou o presidente sobre o tema. 

A realização de manifestações no domingo em prol do governo gerou um racha dentro da própria base de apoio.

Em nota divulgada pelo Palácio do Planalto na última sexta-feira (17), Bolsonaro disse querer “contar com a sociedade” para rever a situação do país.

A nota foi distribuída pelo porta-voz em confirmação à mensagem distribuída pelo presidente pelo WhatsApp na qual dizia que o Brasil era “ingovernável” sem as corporações. 

No domingo, a deputada estadual Janaina Pachoal (PSL-SP) criticou a participação e o incentivo de integrantes do governo aos atos de domingo, marcados em contraposição aos protestos do dia 15 contra cortes na Educação e contra o governo Bolsonaro. 

“Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!”, escreveu a deputada, que fez uma série de postagens no Twitter no domingo (19).

“Vamos enfrentar os adversários (que são muitos) com argumentos! Há tempos, não temos um Ministério tão bom! Profissionais de ponta, nas pastas adequadas, orientados por boa teoria, bons valores, com experiência prática. E o Presidente gerando o caos?”, indagou.

Nesta segunda (20), o presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), disse não ver sentido nas manifestações convocadas para domingo em apoio ao presidente da República. Mesmo assim, vai reunir as bancadas do partido na Câmara e no Senado para tomar uma decisão coletiva.

“[Bolsonaro] não precisa [que as pessoas façam manifestação] porque ele foi institucionalmente e democraticamente alçado ao poder. Não cometeu nenhum crime de improbidade, não cometeu nenhum crime administrativo. Tem uma rede social imensa”, disse Bivar, nesta terça-feira (21).

“Para quê tirar o povo para uma coisa que já está dentro de casa? Já ganhamos as eleições, já passou isso aí. Eu vejo sem sentido essa manifestação”, completou o presidente da legenda.