José Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro voltou a usar a sua metralhadora de polêmicas neste sábado (27 de julho), ao participar da formatura de novos paraquedistas das Forças Armadas na Vila Militar do Rio de Janeiro.

A primeira polêmica foi disparada quando o chefe do Planalto foi questionado se o meio ambiente não era importante na proposta para a Estação Ecológica de Tamoios. Ao reafirmar que sua intenção era transformar a baía de Angra dos Reis na “Cancún brasileira”, soltou a pérola.

“Só aos veganos que comem só vegetais (é importante a questão ambiental)”, disse o político. “Outros países com baía não tão exuberante como a de Angra conservam o meio ambiente. Se quiséssemos fazer uma maldade, cometer um crime, nós iríamos à noite ou em um fim de semana qualquer na baía de Angra e cometeríamos um crime ambiental, que não tem como fiscalizar.”

A região citada por Bolsonaro é a mesma onde ele foi flagrado por fiscais do Ibama em janeiro de 2012. Na ocasião, ele estava dentro de um bote, com farto material de pesca, e foi autuado por pesca ilegal. O local, formado por ilhas e rochedos, é considerado fundamental para a preservação de espécies ameaçadas de extinção e para a pesquisa da ecologia marinha.

“O estado do Rio (está) com dificuldades. Vamos fazer da baía de Angra um Cancún. Tem gente de fora do Brasil que a custo zero transforma a baía de Angra talvez na primeira maravilha do Brasi”, disse ainda o presidente.

Gleen Greenwald

Na saída do evento dos paraquedistas, mais uma polêmica, dessa vez envolvendo o jornalista americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, que tem publicabo desde o dia 9 de junho reportagens com diálogos vazados de protagonistas da Operação Lava Jato, como o ex-juiz e hoje ministro Sergio Moro e procuradores da força-tarefa do MPF.

Segundo o presidente, Greenwald ‘talvez pegue uma cana aqui no Brasil’, acrescentando na sequência que o jornalista investigativo, ganhador do prêmio Pullitzer (uma espécie de Nobel do jornalismo), é “malandro” por ter se casado com um brasileiro e adotado dois filhos, o que evita a possibilidade de uma deportação, em referência a uma portaria publicada na sexta-feira por Sergio Moro, que estabelece um rito sumário de deportação de estrangeiros considerados “perigosos” ou que tenham praticado ato “contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”.

“Ele (Glenn) não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou o presidente.

No Twitter, Glenn, que é casado com o deputado federa David Miranda (PSOL-RJ), declarou que não há evidências de que ele teria cometido crimes, o que inclusive foi ressaltado pelo suposto ‘hacker de Araraquara’ em depoimento à Polícia Federal. Ademais, ressaltou que seu casamento ocorreu há 14 anos e que não teria como saber da portaria publicada por Moro.

“Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe”, disse o jornalista.