RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), conversou nesta segunda (19) por telefone com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, líder de ultradireita criticado por políticas anti-imigração e discursos antissemitas, e disse que os dois países serão “grandes parceiros para o futuro”.

“[A Hungria] é um país que sofreu muito com o comunismo no passado. É um povo que sabe o que é ditadura. O povo brasileiro não sabe o que é ditadura aqui ainda, o que é sofrer nas mãos dessas pessoas. E ele está feliz com a nossa eleição”, disse Bolsonaro, em entrevista na porta de sua casa, após voltar do banco.

O presidente eleito se recusa a dizer que o Brasil foi uma ditadura militar de 1964 a 1985

Em setembro, o Parlamento Europeu aprovou moção contra Orbán por violações ao Estado de Direito, iniciativa que poderá levar, em última instância, à cassação do direito de voto do país no parlamento.

Na votação, os deputados endossaram relatório da deputada holandesa Judith Sargentini, que listava uma série de iniciativas autoritárias que atentaram contra a liberdade de imprensa, a independência da Justiça, o funcionamento de organizações não governamentais e os direitos de migrantes e refugiados.

Indagado sobre o tema, Bolsonaro fez críticas à política brasileira de imigração, que, na sua opinião, “transformou o Brasil em um país sem fronteiras”. Segundo ele, a Europa está hoje “sofrendo com a imigração desordenada”.

“Não podemos admitir a entrada indiscriminada de quem quer que seja, simplesmente por que querem vir para cá”, comentou, após reforçar ter sido contrário à aprovação da lei de imigração de atual.

“Se essa lei continuar em vigor, qualquer um pode entrar aqui. E chega aqui com mais direito de que nós.”

Orbán é um dos políticos radicais nacionalistas na órbita do estrategista político americano Steve Bannon, que ajudou o americano Donald Trump em sua campanha eleitoral e agora criou um grupo de políticos nacionalistas chamado Movimento, com foco na Europa. Bannon já se encontrou nos EUA com o filho de Bolsonaro, Eduardo, com quem trocou ideias.

O grupo deve se reunir pela primeira vez em janeiro próximo, e o brasileiro será convidado a integrá-lo.