Antonio Cruz/Agência Brasi – O presidente eleito Jair Bolsonaro

Eleito presidente da República com campanha realizada principalmente em redes sociais, Jair Bolsonaro (PSL) quer manter a estratégia e torná-las o principal instrumento de comunicação de seu governo, a partir de 1º de janeiro, quando assume o Palácio do Planalto.
Na última quarta-feira, a pedido de Bolsonaro, o vice-presidente eleito, general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), esteve na agência de publicidade Isobar, uma das duas que cuidam das mídias sociais do governo Michel Temer (MDB). “O foco é reforçar a comunicação digital, que é a mídia do Bolsonaro, que é a mídia do Trump (presidente dos Estados Unidos, Donald Trump)”, disse o general Mourão. Para ele, “aquele processo antigo de comunicação, via filmetes, propagandas tradicionais, será abandonado”. “A mídia digital é o método fundamental para conseguirmos nos comunicar, muito mais do que essas outras propagandas que gastam rios de dinheiro”, completou.
A missão de Mourão foi visitar a empresa para levar a Bolsonaro informações sobre o funcionamento das agências que cuidam da comunicação digital da atual administração e como o futuro governo pode aproveitá-las. Há um contrato em vigor, de R$ 45 milhões ao ano, que termina em março, mas pode ser prorrogado por mais um ano. “Eu defendo intenso uso das mídias sociais como forma mais eficaz de se comunicar com a sociedade. A comunicação do mundo moderno hoje é em rede”, afirmou o vice-presidente eleito. 
Mourão não quis antecipar sobre a possibilidade de prorrogação do contrato, alegando que essa é “uma questão de gestão”. “A minha visão é que o trabalho (da empresa) é muito bom. Mas tudo precisa ser levado para o presidente Bolsonaro”. Além da Isobar, visitada por Mourão, a agência de publicidade TV1, também faz o trabalho de mídias digitais do governo Temer.
A licitação que aprovou as duas empresas foi realizada ainda no governo da petista Dilma Rousseff, em 2015, podendo ser prorrogada por até cinco anos. Integrantes do PSL, partido de Bolsonaro, defendem que o governo amplie a presença na internet e dê preferência a esse tipo de comunicação. Para eles, essa é a forma mais eficiente e barata de se chegar à população.
O general Mourão acredita que o desenho da comunicação no governo Bolsonaro será diferente do utilizado atualmente, mas não antecipou formato ou quem ficará à frente do setor no Planalto. Está decidido, no entanto, que a área não terá status de ministério, como aconteceu em administrações passadas.
Atualmente, a Secretaria de Comunicação (Secom) tem cerca de 20 pessoas que trabalham diretamente com a área digital do governo Temer, além das ações e campanhas desenvolvidas pelas empresas contratadas. A Secom hoje é vinculada à Secretaria-Geral da Presidência.

Presidente passeia pelo calçadão da Barra da Tijuca 

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) saiu de casa, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) na manhã de ontem para ir ao banco e passear pela orla.
Bolsonaro saiu de carro, escoltado por policiais federais, às 10h30, e voltou uma hora depois. A primeira parada do passeio foi no Banco do Brasil, onde usou o caixa eletrônico sob o olhar de, pelo menos, cinco membros da Polícia Federal e um integrante de sua equipe, que filmou toda movimentação dentro da agência bancária.
Segundo a assessoria, o presidente eleito foi sacar dinheiro para comprar a carne para o churrasco que decidiu fazer para os seguranças. Pouco depois do meio-dia, a assessoria de imprensa de Bolsonaro distribuiu à imprensa um vídeo em que Bolsonaro começa a fazer fogo na churrasqueira de casa. 
A segunda parada do raro passeio de Bolsonaro foi no calçadão da Barra da Tijuca. Ele parou em dois quiosques, foi cumprimentado por banhistas, posou para fotos e tomou água de coco. Desde que sofreu o atentado, essa foi a primeira vez que Bolsonaro parou em quiosques à beira-mar. O passeio foi fotografado e gravado em vídeo pela equipe do presidente eleito. Esse material audiovisual também foi distribuído à imprensa. Ao voltar para casa, o presidente eleito desceu do carro na portaria do condomínio para cumprimentar Azenate de Sousa, uma jornalista e professora de língua portuguesa de 70 anos vítima de paralisia infantil que estava em uma cadeira de rodas na porta do condomínio onde Bolsonaro mora.
“Todo ano, venho passear no Rio. Desta vez, cheguei dia 5 e contei para todo mundo que viria tentar ver o Bolsonaro”, disse Azenate, que mora em São Luís (MA) e vai ficar no Rio até o próximo dia 20. “Hoje foi a primeira vez que vim à porta da casa dele e já consegui encontrá-lo”, comemorou a professora.
Segundo a eleitora de Bolsonaro, ele não conversou com ela mas posou para foto, o que já a satisfez. “Votei nele nos dois turnos. Para mim ele é a esperança de dias melhores, de acabar com essa bagunça, de moralizar todos os setores do Brasil, a família”, afirmou. Tanto nos quiosques como ao chegar em casa, Bolsonaro foi recepcionado com gritos de “mito”.

Eleito recebe apoio de Silvio Santos no Teleton

O presidente eleito Jair Bolsonaro falou ao vivo por telefone com Silvio Santos durante a maratona de programação do Teleton, no SBT, na noite deste sábado, 10. Durante a conversa, Silvio fez elogios ao capitão reformado e afirmou desejar que ele tenha oito anos de governo. O apresentador e controlador do SBT disse ainda ter a impressão de que o governo Bolsonaro seria seguido por mais oito anos de presidência de Sergio Moro, o escolhido para comandar a pasta da Justiça e Segurança Pública. 
“Não vou falar aquilo que eu penso, mas eu acho que você pode ficar oito anos e depois, passando para o Moro, ele fica mais oito anos”, disse Silvio Santos a Bolsonaro durante a ligação telefônica televisionada ao vivo. 

Silvio Santos ainda disse que aquela era a primeira ligação de um presidente recebida por ele “em vinte e poucos anos que eu faço o Teleton”. “Eu acho que o Brasil vai ter 16 anos de homens com vontade de fazer o Brasil caminhar”, afirmou o apresentador. “Pode ser que isso não aconteça, mas, se depender da minha vontade e da vontade das pessoas que querem o Brasil pra frente, oito anos com Bolsonaro e oito com Moro, vamos ter 16 anos de um bom caminho”, concluiu. 

Bolsonaro respondeu dizendo ser fã de Silvio Santos e falou também sobre Moro. “Obrigada pela referência elogiosa ao nosso futuro ministro, Sergio Moro. Mérito dele, não é nosso”, afirmou Bolsonaro disse que Moro é “o homem que nos deu esperança de poder viver num País, se não for sem corrupção, com menos corrupção”. 

O presidente eleito pediu ainda que eleitores que tenham ou não votado nele fizessem uma doação de ao menos R$ 5 ao Teleton, campanha que recolhe recursos para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

Crítica
FHC diz que Bolsonaro não sabe o que fazer

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu uma entrevista ao jornal argentino Clarín e voltou a criticar o presidente eleito Jair Bolsonaro. FHC disse que Bolsonaro “tem expressões autoritárias” e afirma que não acredita que o presidente eleito saiba o que vai fazer no governo. “Fui senador, ministro, presidente e, mesmo ele sendo deputado, nunca o vi. Jamais escutei a voz dele, não ouvi dizer o que pensava”, disse FHC. “Não se sabe realmente o que ele vai fazer. Creio que nem ele mesmo saiba”, concluiu o ex-presidente. Fernando Henrique foi entrevistado durante estadia em Madri, onde participou do Foro Iberoamericano. O tucano afirmou que não considera Bolsonaro um “fascista”, mas disse que o capitão reformado “representa um autoritarismo que pode ter uma base ideológica de qualquer tipo”.  FHC considerou que a eleição de Bolsonaro foi marcada pelo medo e um sentimento “quase de ódio àqueles que estão no poder, ao PT especialmente”.