Franklin de Freitas – Manifestação pelo voto impresso na Boca Maldita

Criticado por membros de outros Poderes e sem apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, neste domingo (1), que há indícios de fraude no sistema eletrônico de votação no Brasil. Em discurso a apoiadores do voto impresso em Brasília, ele repetiu que, sem eleições “limpas e democráticas”, “não haverá eleição” em 2022. Ontem também várias cidades registraram manifestações em apoio ao presidente e ao voto impresso.

Em Curitiba, centenas de manifestantes se reuniram na Boca Maldita, no centro da ciadade, com cartazes e um carro de som. Eles reivindicam a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, que torna obrigatório o voto impresso nas eleições no Brasil, em discussão no Congresso Nacional. A proposta patrocinada por Bolsonaro é considerada “enterrada” no Congresso pela própria base de apoio ao governo, incluindo o Centrão.

Em vários momentos do discurso, Bolsonaro defendeu a “contagem pública” de votos, mesmo já tendo admitido que não tem prova nenhuma prova concreta sobre fraudes nas eleições. “Temos de ter a certeza de que, em quem você por ventura votar, o voto será computado para aquela pessoa”, disse o presidente. “As eleições, últimas, estão recheadas de indícios fortíssimos de manipulação.”

É a segunda vez em que Bolsonaro faz, publicamente, uma ameaça direta às eleições de 2022, colocando em dúvida a realização do pleito que pode definir seu substituto na Presidência da República.

Partidos pedem interpelação de Bolsonaro

Um grupo de 11 partidos acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cobrar que o presidente Jair Bolsonaro seja obrigado a prestar esclarecimentos e apresentar provas sobre os ataques feitos às urnas eletrônicas. A petição é assinada por MDB, Solidariedade, PT, PDT, PSDB, PSOL, Rede, Cidadania, PV, PSTU e PCdoB.

O pedido de interpelação do presidente foi encaminhado pelas legendas ao corregedor-geral eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, responsável por acompanhar os serviços da Justiça Eleitoral no País, incluindo a realização das eleições. A maioria dos partidos que assina a petição é de oposição, mas o movimento também contou com legendas que têm aliados de Bolsonaro no Congresso, como o MDB e o Solidariedade.