Por conta do impacto negativo do Coronavírus no mercado formal de trabalho, muitos paranaenses encontraram no empreendedorismo uma forma de se reinventar, recriando realidades pessoais e profissionais para sobreviver na quarentena.

Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae-PR), o comércio de artigos de vestuário e acessórios encabeça a lista de MEIs (Microempreendedor Individual) abertos em Curitiba e é um dos mais representativos no Paraná.

Além disso, o MEI para o comércio de moda está sendo uma forma de oportunidade de negócio no momento da pandemia e “esses empresários têm um papel importante no processo de retomada econômica”, aponta o Consultor de Inteligência de Mercado do Sebrae-PR, Walter Muller Garcia Xavier.

“A nossa vida continua acontecendo, mesmo com tantas adversidades. Não podemos ‘pausar’ e esperar para viver quando a vacina chegar, quando ‘tudo passar’. E não podemos contar com alguém, alguma instituição ou milagre que nos salve. Precisamos entender como passar por tudo isso da melhor forma – a mais respeitosa conosco, com o outro e o planeta”, comenta o especialista em moda e escritor André Carvalhal.

Porém, nesse momento de muita incerteza, quem possui o próprio negócio há mais tempo, enfrenta muitas dificuldades, como o Decreto “abre e fecha”, as despesas recorrentes e a necessidade de corte de gastos. Além de terem que lidar também com o impacto da pandemia por alguns meses, talvez anos, mesmo com uma possível vacina.

Entretanto, existem diversas formas para consumir moda com causa, como comprar desses pequenos negócios que estão mais próximos de casa. Pois o dinheiro injetado na economia local pode manter vivo o sonho e tranquilizar o sono de diversos empreendedores.

Por isso, pensando na frase “Comprar de quem faz é apoiar sonos”, a coluna resolveu lançar o especial de moda “Apoie Sonos”, dividido em três matérias publicadas a cada semana, com o objetivo em promover lojas, marcas, estilistas e costureiras de Curitiba e Região.

Abaixo, você confere uma lista com pequenos brechós para apoiar consumindo de forma mais sustentável sem sair de casa.

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Quem imaginaria que o sonho de criança da estudante de moda Stéphanie Potier se tornaria em realidade? Com apenas 22 anos, a quase estilista é dona da Authentica Store. O que começou com um garimpo para o próprio guarda-roupas, logo virou fonte de renda. Digital por natureza, tudo o que ela garimpa em estoques e bazares, vende somente pelo Instagram. Com acervo de marcas vintage (que já nem existem) a grifes de luxo como Gucci, Dior e Yves Saint Laurent, diz que “a moda precisa ser democrática”, por isso, vende tudo na faixa de preço entre R$ 20 e R$ 100.

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O quereres do brechó Bruta Flor Garimpos é que “as pessoas entendam que roupa de brechó não é sinônimo de roupa velha, mas sinônimo de estilo e sustentabilidade”. Estilo que tem cara de nostalgia, diretamente dos anos 80 e 90. O casal fashionista Mateus Arroyo e Isabele Beguetto largou os empregos formais por desilusões e resolveu empreender no mercado de moda. O acervo da marca contempla feminino e masculino, variando entre R$ 20 e R$ 200, vendem pelo Instagram e e-commerce o que garimpam – termo comum no mercado de brechós – no próprio guarda-roupas ou em instituições de caridade, igrejas e bazares.

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Antes de conquistarem um espaço físico na Rua São Francisco, n° 50, era nas calçadas que várias amigas montavam suas araras para vender garimpos. Mas a vontade de mulheres pretas serem independentes, donas de seus próprios negócios, e a buscar por representação na moda, levou Gabrielly Dantas a reunir Elza dos Reis Bernardes, Gabriela Reis, Kaoane Schlukebier, Karoline Pessoa, Patrícia Pessoa e Vanessa Cordeiro criarem o Coletivo Brechó Das Preta. Com uma curadoria de peças coletiva, o espaço vende produtos vintages com mais de 30 anos de vida, passando por marcas populares, como Adidas, Farm, Lee, Nike e Zoomp a grifes, como Saint Lauren, Louis Vuitton, Valentino e Gucci. No contexto atual, as vendas são feitas exclusivamente pelas redes sociais.

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As primeiras vendas de Leilane Ferreira, dona do brechó Favourite, começaram por necessidade financeira e “para desapegar de umas roupas que tinha paradas em casa”, relembra ela. Continuando a atender mais clientes, acabou começando a garimpar para terceiros e hoje, dois anos depois, é sua principal fonte de renda. “Não há dinheiro que pague ver as pessoas felizes e se amando com uma peça que eu garimpei e tratei com muito amor e carinho”, conta. Com garimpos realizados majoritariamente em bazares beneficentes ou em bazares de bairro, ela cuida de tudo sozinha. “Faço a lavagem de todas as peças, trabalho em reparos de manchas e defeitos, passo as peças e utilizo um cheirinho especial”, explica. Os valores variam de R$10 a R$200 com vendas somente pelo Instagram.

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Diversidade é palavra de ordem para Matheus Veloso, proprietário do brechó MULTI. Mais que um negócio online, Matheus criou uma plataforma “direcionada à comunidade LGBTQIA+”, por meio da qual, segundo ele, os produtos são apresentados de “forma divertida, diferente e inclusiva”. Mas enganasse quem acessa o perfil da marca no Instagram pensando encontrar apenas looks. Entre peças vintages e as grifadas Versace, Ermenegildo Zegna, Reinaldo Lourenço, Levi’s, Ralph Lauren, o consumidor acaba se deparando com aulas de yoga, dicas de música, filmes e editoriais para lá de criativos. “Nossa essência é o diferencial. Abraçar a diversidade, falar sobre assuntos diversos e pertinentes, criar um vínculo com nosso consumidor, que tratamos como amigos”, finaliza. Com peças partindo de R$15 a R$100, a marca vende tudo pelo Instagram e um e-commerce.

@roomclothesbrecho

Diretamente de um quarto em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, Bruna Gabriela é o exemplo da força empreendedora no Brasil. “Faço tudo no brechó, desde o garimpo, higienização das peças, fotos, divulgação nas mídias, venda, envios etc.”, detalha. Criou o Room Clothes Brechó, em 2016, para gerar renda, num cenário de desemprego. Tudo no Room Clothes segue características da juventude nos anos 80 e 90, com peças de marcas Hamuche, Planet e Hard Rock Café. O valor dos produtos varia de R$10 a R$150. Bruna deixa um pedido: “para que as pessoas passem a entender o valor do trabalho do pequeno empreendedor. Algo que demanda tempo, exaustão física, mas principalmente mental. Eu realmente amo o que faço, por isso, estou há 4 anos lidando com o brechó, já pensei em desistir várias vezes, porém tenho visto que o resultado do meu trabalho não é do dia pra noite, é algo gradativo, no qual tenho aprendido a exercitar o verdadeiro sentido de paciência e calma”.