Afastado de suas funções desde o dia 6 de junho, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, se pronunciou nesta segunda-feira sobre a aquisição de um jato por US$ 14 milhões (R$ 71,7 milhões na cotação atual) para a entidade. Paga à vista, a compra foi realizada no mesmo dia em que uma funcionária formalizou denúncia de assédio sexual e moral contra ele.

Por meio de nota divulgada nesta segunda-feira, Caboclo afirma que a decisão de comprar o avião foi “planejada por diversos meses” e teve como objetivo “atualizar o patrimônio” da entidade”, além de ter sido feita em “condições vantajosas”.

O mandatário também ressaltou que a transação foi realizada com a anuência da diretoria financeira e jurídica da CBF – tendo sido orientado a fazer a compra de forma “imediata” -, e antes das denúncias de assédio contra ele.

“O contrato foi aprovado e assinado pelos diretores jurídico da CBF, Luiz Felipe Santoro, e financeiro, Gilnei Botrel. Sem essas assinaturas o negócio jamais poderia ter sido fechado. Foi Gilnei Botrel que recomendou e realizou o pagamento imediato naquela data”, diz Caboclo no comunicado.

A informação da compra do Legacy 500, prefixo PR-HIL, de 16 lugares, foi publicada inicialmente pelo UOL Esporte, e confirmada pelo Estadão. Atualmente, a CBF possui um jato particular (um Citation, de 12 lugares) que é utilizado para deslocamentos da cúpula da confederação – em especial, do presidente Rogério Caboclo.

Segundo bastidores, a compra do jato não havia sido discutida com o restante da diretoria, que tentou se desfazer do negócio por entender ser mais uma “herança maldita” da atual gestão.

Segundo o comunicado, o processo de venda da antiga aeronave, Cessna 680 modelo Sovereign, por US$ 6,150 milhões, “ainda não foi concluído em razão do afastamento do presidente, de forma unilateral e sem direito à defesa pela Comissão de Ética da CBF”.

Rogério Caboclo foi afastado por 30 dias da CBF após decisão do Comitê de Ética, que recebeu a denúncia de assédio contra o presidente no dia 4 de junho. O mandatário nega as acusações. Quem assumiu seu lugar foi o vice-presidente Antônio Carlos Nunes, de 82 anos. Ele é o mais velho na função, e homem de confiança do ex-presidente Marco Polo del Nero, banido do futebol pela Fifa.