“Ilustrau00e7u00e3o: Tita Blister “

Na coluna anterior, desenvolvemos um raciocínio sobre a possibilidade de que cada um de nós possamos ser apegados aos sentimentos que temos por outra pessoa, em vez de ser a pessoa em si. Isso foi comparado a quem gosta de pudim, somos pudins. O que se gosta é da sobremesa em si, mas se falta a calda? Se é com furinho e você gosta lisinho, ou vice-versa? Você passa a não gostar mais do pudim?

Nessa segunda parte, desenformamos nosso pudim interno pela visão de três mulheres. As versões permearam sobre alguns aspectos. A calda pode ser tanto o que o outro vê em mim, quanto uma indicação de que eu me apaixono por mim no outro. Isso é possível?

Creio ser verossímil, pois buscamos conscientes ou não encontrar o nosso sentimento desenvolvendo em outro coração, corpo e atitude.

Há quem defenda que procuramos nos identificar na outra pessoa, o tal espelho, mas quando isso acontece, o reflexo de nossas emoções, talvez guardadas no porão do inscosciente, tratamos de terceirizar a responsabilidade e jogar a frustração total na ação que não é a nossa. Porque, convenhamos, é duro enxergar nossas falhas projetadas na outra pessoa. E o ego, suponho, só valida o que é prazer. Por isso talvez se diga que amor de verdade é o incondicional, ou seja, quando gostamos do outro como é de verdade, com erros e virtudes. Talvez isso só aconteça nas relações fraternas.

Caramelizada ou sem calda – Se a calda dá um caldo vai depender do gosto do freguês. A calda só não pode ser amarga. Mas também houve a opção de o çpudim pode ser sem calda, pois a essência está nele, somente nele, o pudim.

Mas, metáforas à parte, o importante talvez seja como a maturidade ou algo similiar a isso, nos leva a um turbilhão quase juvenil de dúvidas sobre os sentimentos e consequentemente, suas atitudes nas relações afetivas. No entanto, nós, os quarentões  e o que estão raspando a trava dos 50 sabemos que ao estar no segundo tempo da partida (da vida), não dá para se entregar aos chiliques emocionais. É urgente se ter autonomia sobre si, sem dependências do carinho alheio, não confunda com autossuficiência e arrogância. Portanto, vamos abandonar ou procurar as terapais e deixar de arrastar correntes e sumir sem resolver, e brincar de amiguinhos ou dizer que tem que resolver um amor do passado. Descuplas como essas são típicas de cabeças de pudim, como diria uma dos Três Patetas.