São Paulo deu boas vindas à semana com um domingo escuro de frio e chuvinha insistente. Nada novo para um fim de agosto na cidade que não para de surpreender com verões no inverno, chuvas no tempo de estiagem e descrédito a todo e qualquer serviço meteorológico que tope prever seu tempo.  Nada novo não fosse hoje o piquenique de aniversário de um dos amigos mais queridos de minha filha mais nova. Nada novo se a estrutura do parque incluísse uma área coberta. Nada novo se desde o começo da semana ela não tivesse me encomendado o presente, pensado em mil possibilidades. Nada novo se não fossem duas meninas tossindo cavernosamente que, na minha fantasia, podem se desfazer ao contato de qualquer fio de vento. Isso dito por uma mãe de convidado e não pela mãe mais interessada a do aniversariante.
Confesso ter até esquecido da Ju enquanto listava os inconvenientes da chuva aqui no meu pedacinho. Ela se fez lembrar agora há pouco com um recado coletivo no grupo de pais do whatsapp:  “Sim, está frio pra caramba mas o piquenique continua de pé. Se vocês toparem colocar seus casacos, eu prometo levar café e chá”. Um recado que diz tanto sobre ela. Sim, tempo não se prevê, mas chás e cafés servem para quê mesmo? Chás e cafés são abraços para o outro e para nós. Que recado carinhoso, que bonito optar pela esperança desde as pequenas coisas até aquelas que vocês sabem qual. Há de continuar de pé.
E há de comemorar, os aniversário, a chuva, as surpresas, a cobertura dos amigos, a capacidade de passar pela gripe. Há de tossir para sair da caverna. Guarde uma xícara pra mim Ju, já estamos indo!

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