SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os dois principais representantes dos caminhoneiros autônomos declararam que irão à manifestação a favor do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no próximo domingo (26). A posição, porém, divide o setor.


Vanderlei Alves, conhecido como Dedeco, gravou um vídeo e criou uma imagem pelo celular no qual chama os caminhoneiros para irem ao ato. “Quem puder pegar seu caminhão e ir à manifestação da sua cidade, vá. Para mostrar que os caminhoneiros está com o governo, com a governabilidade desse governo”.


No vídeo, Alves defende o governo e afirma que o presidente está sendo chantageado pela Câmara dos Deputados. “Tem muito senador bom, muito deputado bom, mas a maioria só quer saber de bem próprio”, diz.


Wallace Landim, o Chorão, afirmou que irá às manifestações como cidadão e não como representante da categoria.


“Eu fui candidato nas últimas eleições e apoiei o governo. Então, eu, como Wallace Landim, vou”, disse. 


Nos grupos de WhatsApp acompanhados pela reportagem, os caminhoneiros estão divididos. Muitos defendem o presidente contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). Outros afirmam que não irão as manifestações e criticam a situação da categoria. 


Fabiano Careca, caminhoneiro de Minas Gerais, diz que ainda não sabe se irá ou não à manifestação. “Só [sei] que sou a favor do governo, sou patriota”. Ele participou de reuniões com o ministro Tarcísio de Freitas, porém, diz que a categoria não está conseguindo sobreviver com a alta do diesel e a falta de fiscalização sobre a lei do frete.


“A nossa classe está dividida em sete partes”, diz. Sobre os grupos do WhatsApp, ele conta que há gente de todos os aspectos políticos, de esquerda a intervencionistas. “A política [das eleições] acabou, mas o pessoal não quer largar”, afirma.


“Tem a questão do óleo diesel, que hoje ninguém aguenta mais. A categoria vai acabar parando de novo. Parando por falta de condição de trabalhar, não vai ser nem para exigir alguma coisa”, afirma, também em vídeo, Salvador Edmilson Carneiro, o Dodô, caminhoneiro de Riachão do Jacuípe, no norte da Bahia. Ele critica o governo Bolsonaro por manter a política de reajuste dos combustíveis.


Muitos motoristas estão a caminho de Brasília para participar da última audiência sobre a nova tabela do frete que está sendo desenvolvida pela Esalq-Log, da USP. 


“Chegando em Brasília a gente vê o que vai aprontar por lá. Se vai fazer uma manifestação, uma carreata. A gente vai para cima do governo botar pressão”, afirma Marconi França, caminhoneiro do Recife que tentou organizar um ato de caminhoneiros no dia 19. O motorista quer pedir ao governo um subsídio ao diesel enquanto a tabela do frete não é cumprida 100%.