Franklin de Freitas

À esquerda não só do PT, mas até do PSOL, o candidato do PSTU, professor Ivan Bernardo, deixou claro, ontem, na sabatina PUC/Bem Paraná, que o partido não acredita nas eleições como forma de mudar a realidade, e que sua candidatura é um “chamado à rebelião” da classe trabalhadora contra a democracia burguesa. E ao contrário do que muitos defendem, ele garante que os paranaenses não são conservadores, tanto que, lembrou, foi no Estado que nasceu, nos anos 80, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 
Para Bernardo, o maior problema da esquerda brasileira é justamente os partidos “reformistas”, como o PT e o PSOL, que ainda acreditam em mudança através da política tradicional. Confira abaixo os principais trechos da sabatina. 

Candidatura
“É um chamado à rebelião. Para chamar os de baixo e derrubar os de cima. Nós estamos vendo a barbárie capitalista em relação ao feminicídio. E aqui no Brasil não está fora dessa realidade. O capitalismo está em uma situação de barbárie, miséria no mundo todo.Nós entendemos que a última chance de mudar isso é a classe trabalhadora tomar as rédeas da história. Eleições não resolvem nada. Através dessa pauta da defesa da classe operária, do LGBT, dos negros, mulheres, indígenas, nós acreditamos que vamos mudar o País”. 

Revolução
“Aqui no Brasil (a revolução) está em um processo embrionário. Mas a gente vê que gradualmente a classe trabalhadora está se organizando. Não entendemos que está tendo uma onda conservadora. Entendemos que a classe trabalhadora, com a traição dos partidos como o PT. Essa traição é que gerou uma confusão na consciência da classe, e despolitizou. Inclusive não é culpa da juventude. Eles pregaram que se você votasse em um determinado candidato, eles iam resolver todos os problemas. A Dilma tirou dinheiro das políticas para as mulheres”. 

Segurança
“A nossa proposta é desmilitarizar a Polícia Militar. Somos contra a intervenção militar no Rio de Janeiro. A mídia tenta passar que está tendo ordem. Está tendo mais violência. A polícia que mais mata no mundo é a brasileira. Para acabar com a violência policial precisa descriminalizar as drogas. Dar um golpe no narcotráfico. A comunidade eleger o delegado e o juiz. Direito à greve para os policiais. Acabar com a antiterrorismo. Não tem como acabar com a violência no capitalismo. Ele ganha muito dinheiro com o tráfico de drogas, a prostituição”. 

Eleições
“Nossa estratégia é divulgar as propostas socialistas e fortalecer o partido. Entendemos que a maior parte da classe trabalhadora não tem tempo para discutir política. Levanta cedo, trabalha o dia todo. Chega em casa tá cansado. Para nós é muito importante esses espaços. Em relação ao número de votos, a gente entende que não é incompetência nossa. A gente tem poucos segundos na propaganda. O nosso programa se fosse colocado de igual para igual, certamente correria um risco enorme de rebelião no País. A tática da burguesia é impedir a participação para evitar que a classe trabalhadora se rebele”.

Professores
“Não é só o governo Beto Richa. Sempre tivemos problemas. Governo Lerner, Requião também não atendiam as pautas dos trabalhadores. Todos eles são comprometidos com os capitalistas. O Beto Richa, ao agredir a classe no 29 de abril, foi uma  barbárie total. Os outros em menos grau mas também atacaram a classe. A direção da APP teve no ano passado a grande oportunidade de derrubar o Beto Richa. Teve uma adesão de 90% a greve, a direção da APP pediu que a classe recuasse. Traiu mais uma vez a classe. Em vez de pensar na classe trabalhadora, pensou no partido”. 

Homofobia
“Através de uma rebelião como aconteceu em Stonewall, nos Estados Unidos. Só os LGBT se organizando. Nós queremos denunciar o candidato Bolsonaro. Ele é um picareta no poder há 27 anos. Repudiamos aquele ataque que aconteceu em Minas. Mas queremos deixar bem claro que ele estimula a violência. Fala em estuprar mulher. Ele deveria estar preso também. Essa é a Justiça dos ricos. Privilegia os corruptos. Só através de uma revolução, não só no Brasil, mas no mundo inteiro nós vamos acabar com o machismo, a homofobia e o racismo”. 

Racismo
“O grande problema dos revolucionários são os reformistas que não aprendem com a história. Eles sempre vão tentar conciliar com os capitalistas. A burguesia, se pudesse, matava os mendigos”.

Democracia
“A maior prova de que a gente não está legitimando (a democracia burguesa) é que eles estão boicotando a gente. O PT não é ameaça, por isso participa (dos debates). Apesar da gente sermos pequenos eles têm receio. Eu levanto todo dia e penso ‘o que eu vou fazer hoje para derrubar a burguesia’”. 

Emprego
“Os países ricos estão sempre sugando as nossas riquezas. Nós estamos sempre desindustrializados. Produzimos soja para engordar porco na Europa. Tem mais boi que gente. E tem pessoas passando fome porque não tem nem um pedaço de carne para comer. Então isso tem que acabar. A classe trabalhadora não aguenta mais. É a única que pode fazer a revolução. A gente acredita que a revolução será negra, ou não será”. 

Conservadorismo
“A classe trabalhadora não é conservadora. A elite, durante muito tempo, as famílias, desde 1978 têm se revezado. A família Richa, Requião, Lerner, agora a família Barros, Ratinho. Essa elite é conservadora. A classe trabalhadora não. Inclusive o MST surgiu em 1983 aqui no Paraná. Ela não é. Ela luta. Só que os partidos como PT fazem aliança com o DEM. Acabam gerando uma confusão. Para você derrotar essas famílias tem que fazer uma revolução socialista no Paraná. Pela via eleitoral a própria classe não acredita mais. E está certa”. 

Desarmamento
“Nós somos a favor de que o conselho popular tenha total controle sobre isso (o armamento da população). Quem dá o primeiro tiro é a burguesia. Só que a gente não pode morrer do jeito que está acontecendo. A burguesia quer matar todo mundo”.


FRASES

“O grande problema dos revolucionários são os reformistas que não aprendem com a história. Eles sempre vão tentar conciliar com os capitalistas. A burguesia, se pudesse, matava os mendigos”, 


“A classe trabalhadora não é conservadora. A elite, durante muito tempo, as famílias, desde 1978 têm se revezado. A família Richa, Requião, Lerner, agora a família Barros, Ratinho. Essa elite é conservadora”


“Quem dá o primeiro tiro é a burguesia. Só que a gente não pode morrer do jeito que está acontecendo. A burguesia quer matar todo mundo”

do candidato do PSTU ao governo do Estado, professor Ivan Bernardo

 

Arte: Carolina de Andrade e Andrey Ribeiro Fernandes (PUCPR)