Franklin de Freitas – Empresários da região aprendem a fazer compostagem

Todos os anos o Brasil produz cerca de 37 milhões de toneladas de lixo orgânico, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos. Esse material tem potencial de para virar adubo, gás combustível ou até mesmo energia. Entretanto, apenas 1% daquilo que é descartado é reaproveitado, enquanto a maioria desse material, no caso curitibano, vai parar no Aterro Sanitário.

Para mudar essa situação, restaurantes e estabelecimentos do Centro Histórico da cidade se uniram e fecharam uma parceria com a Beegreen, referência em sustentabilidade urbana. A ideia é melhorar o quadro da gestão de resíduos na região, ajudando a devolver a Curitiba o título de “Capital Ecológica”. E o mais curioso é que a transformação pode começar justamente por onde a cidade começou.

“Perdemos muito, muito, muito (nas últimas décadas). Não sei porque ainda falam que Curitiba é uma cidade ecológica. A gente parou no tempo. As crianças não sabem mais separar os lixos”, lamenta Gabriela Cunha Lengler, proprietária do restaurante Nonna Giovanna. “Apesar da Eco-92, apesar da Rio+20, o que nós fizemos? Então Curitiba regrediu como o país e como, talvez, o planeta”, complementa Otavio Urquiza, proprietário do Palco dos 5 Sentidos.

O primeiro passo para a mudança já foi dado. Na celebração Centro Histórico Divertido, realizado no começo de outubro, realizaram a primeira compostagem coletiva dos resíduos orgânicos da rede do Centro Histórico. No dia do evento, foram compostados cerca de 115 quilos de resíduos orgânicos, os quais foram levados para o Restaurante Quintana – parceiro da ação -, que possui composteiras no jardim da empresa.

“Os restaurantes já separam o lixo, mas hoje não existe uma coleta para desviar isso do aterro sanitário. O que sabemos é que dois estabelecimentos já fazem o desvio, um para a alimentação de porcos e outro que faz coimpostagem numa chácara. Então já existe uma boa prática aí que não depende da Prefeitura. É gratificante saber que (esse lixo) não está indo pro aterro, soltando chorume. Em vez de emitir gás metano na atmosfera você está fixando carbono no solo, o que ajuda nas mudanças climáticas”, explica Jessica Pertile, sócia da Beegreen junto com Patricya Soares Bezerra.

O objetivo agora, com a chegada da startup, é fortalecer ainda mais esta rede de sustentabilidade para que as ações sejam cada vez mais efetivas e inspirem outros estabelecimentos e a própria gestão pública. Além da redução da geração de resíduos plásticos descartáveis, serão elaboradas outras ações que engajem a população a entrar nessa onda de cuidado com a saúde e o planeta.

“O futuro está em nossas mãos, e não nas mãos do Estado. O Estado nos representa e resulta da nossa ação, nossa construção. Agora estamos voltando a assumir o papel (de protagonisas), e num momento belíssimo”, comemora Otavio.

Como fazer
Segundo Jessica Pertie, qualquer um pode fazer em sua residência o trabalho de compostagem. Para tanto, você deve separar os restos de alimentos crus e cozidos do restante, como microplástico e plástico sujo. Em seguida você faz a compostagem num sistema aberto ou fechado, de acordo com sua necessidade e espaço disponível. A aquisição de uma composteira como a que a Beegreen usa na sede da empresa custa cerca de R$ 379, com três caixas. Mas depois não existe mais custo.