Franklin Freitas

Além dos estragos deixados, a chuva que durou praticamente duas semanas em todo o Paraná provocou uma elevação nos preços de hortaliças em Curitiba. A alface crespa apresentou, no atacado, um aumento de 150% e o tomate, 116%. Há repolho de 300 g vendido por R$ 8 e pés de alface a quase R$ 5 em supermercados da Capital.

E esses preços seguirão em ritmo de alta ao menos pelos próximos 40 dias. As hortaliças consumidas tanto em Curitiba quanto no interior do Paraná acabaram por ficar comprometidas com a terra encharcada, reduzindo a oferta nas feiras e supermercados. Aquelas que resistiram estão, em média, quase 50% mais caras.

Vegetais como alface, couve, rúcula, mostarda, almeirão, chicória e radiccie são culturas de ciclo curto, ou seja, levam entre 40 e 50 dias entre o plantio e a colheita. “Mas até lá, a dona de casa não terá muita opção”, conta Evandro Pilati, responsável técnico da área de comercialização da Ceasa de Curitiba. Ele ressalta que esse aumento provocado pela redução da oferta, em função da chegada do frio, é sazonal. “Em setembro, outubro, a produção volta ao normal e os preços costumam ficar mais estáveis”, conta.

“Os preços subiram quase 100% nestas últimas duas semanas e a melhor coisa a se fazer é evitar a compra daqueles produtos que estiverem muito caros e, na medida do possível, optar pelos que estiverem mais baratos, como cenoura, beterraba, batata doce, pimentão e repolho que são culturas de inverno”, diz.

Pilati relata que, se o tempo bom persistir, é possível que ocorra nos próximos dias uma redução no preço da batata inglesa. Ele explica que houve uma redução na oferta nos últimos dias porque o produtor estava impedido de colher. “Mas os preços devem começar a cair já na próxima semana”, diz.

Além das folhosas, os legumes também costumam ficar mais caros. As hortaliças comercializadas na Ceasa de Curitiba são quase 100% cultivadas na região metropolitana, onde também tem alguma produção durante o verão. No outono e no inverno, a cenoura, chuchu, abobrinha são importados de outros estados, como Goiás e Espírito Santo, o que contribui para elevação dos preços.

Produtor
Sócio da Hortaliças Percicoti, o produtor Bruno César Percicoti conta que, além da produção em céu aberto, possui ainda 10 mil m² de produção em estufa. Com isso, consegue oferecer preços melhores aos clientes. É que no campo ele produz a alface convencional, enquanto na estufa produz a hidropônica. “Nosso mercado é feito de oferta e procura, é o que define o preço. Quando a convencional sobe, a hidropônica, que geralmente custa de 30 a 40% a mais, passa a valer mais a pena”, explica.

Principais oscilações de preços na Ceasa Curitiba

Alface crespa grande

150%

Batata comum especial lavada

38,46%

Batata doce extra roxa

25%

Chuchu extra

25%

Tomate extra longa vida

116, 67%

Vagem macarrão

16,67%

Manga Tommy

20%

 

 

Temporal e granizo deixaram prejuízos em Colombo
As fortes rajadas de vento e o granizo que atingiram Colombo no final da semana passada causaram prejuízos nas estradas e nas propriedades dos agricultores, principalmente, nos bairros do Campestre e Morro Grande. As estufas para o cultivo protegido de alface hidropônica foram danificadas. Já a produção de hortaliças foi arrasada pelo granizo e plantações ficaram debaixo d’água.
“Há uma grande possibilidade que tenha reflexo nos próximos dias, pois a alta umidade faz com que a produção tenha uma perda tanto na qualidade quanto na quantidade”, ressaltou o Secretário de Agricultura e Abastecimento, Márcio Toniolo, no dai do temporal.
“O vento veio muito rápido. Com a ventania arrancou a proteção das estufas e os agricultores não tiveram tempo para protegê-las. Além disso, uma boa parte da produção foi prejudicada”, conta Toniolo. Vale ressaltar que hortaliças folhosas, como por exemplo, couve-flor, alface e brócolis foram as mais atingidas.
Algumas estradas foram parcialmente afetadas pelos galhos de árvores caídos com os ventos fortes que atingiram a região. “A Prefeitura de Colombo faz o trabalho de podas e desobstrução das vias, possibilitando o trafego total das estradas”, disse Toniolo.
Os agricultores prejudicados podem procurar as Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente que farão os procedimentos de emergência cabíveis para cada situação, incluindo drenagem do solo, limpeza e apoio técnico.
Além da chuva intensa na quinta-feira, os dias seguintes também foram de chuva na Grande Curitiba. O tempo só melhorou a partir de ontem.