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A assessoria da governadora Cida Borghetti (PP), candidata à reeleição, informou que o departamento jurídico da "Coligação Paraná Decide" formalizou nesta sexta-feira (21) pedido ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para expulsão do ex-governador Beto Richa (PSDB), candidato ao Senado, da chapa, por infidelidade à coligação. De acordo com a assessoria, o afastamento é justificado por "conexões diretas do ex-governador com a candidatura de Ratinho Junior (PSD)" ao governo. 

De acordo com o pedido entregue ao TRE (veja a íntegra), o ex-governador, mesmo sendo presidente do Diretório Estadual do PSDB, autorizou que seus principais deputados e membros de seu grupo político participassem ativamente da campanha eleitoral de Ratinho Junior, a exemplo do deputado estadual Ademar Traiano (PSDB), presidente da Assebleia Legislativa, que participou da convenção do candidato (em 21 de julho), e do deputado federal Valdir Rossoni, ex-chefe da Casa Civil, que declarou apoio a Ratinho Junior. A assessoria de Cida enfatiza na nota que o ex-secretário da Agricultura do governo Richa, Norberto Ortigara, é hoje coordenador da campanha majoritária de Ratinho Júnior e o prefeito de Guarapuava, Cesar Filho (PPS), é coordenador regional da campanha do candidato e de Beto Richa. 

A justificativa utilizada na ação como mais uma tentativa de Cida de retirar Beto Richa da chapa não é novidade. Todos os citados já tinham a postura destacada desde antes do período eleitoral. Após a prisão de Richa na Operação Rádio Patrulha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, no entanto, a campanha de Cida tenta se afastar do tucano. Reforça, inclusive, a tese de que haveria um “acordo branco” de Richa com a campanha de Ratinho Junior, cuja chapa majoritária lançou apenas um candidato para a disputada das duas vagas ao Senado, dando assim a oportunidade de Beto receber o segundo voto. Antes da prisão de Richa, entratanto, os fatos citados não eram motivo para afastar o colega de chapa. 

Ao também argumentar que a operação realizada pelo Gaeco "não corresponde aos princípios e propostas defendidos pela chapa e por sua candidata ao governo, Cida Borghetti", a coligação também destaca que os fatos investigados pelo Ministério Público envolveram "o primeiro mandato do ex-governador Beto Richa". Cida tornou-se vice de Richa na reeleição, em 2014. 

No início desta semana a coligação analisou e aprovou por maioria, o pedido de exclusão da candidatura do ex-governador da chapa, mantendo apenas a candidatura de Alex Canziani (PTB) ao Senado Federal.

"Oportunismo", diz Richa

Na manhã desta sexta-feira (21), Richa disse em entrevista na rádio Jovem Pan que "não" houve um rompimento com Cida. "Politicamente o senhor rompeu com a governadora Cida Borghetti?", perguntou o jornalista.

"Não. Cada um faz sua campanha. Já está assim desde o começo. Cada um faz sua campanha, temos vários parceiros em todos os partidos. Eu, como disse, sempre tratei a todos com educação, nunca fiz politicagem, demagogia. Nunca fui oportunista. 'Essa cara tá mal, vou me afastar dele. Opa, aquele lá tá bem, tenho que me aproximar'. Eu já passei… A vida do político é cíclica. Acompanhei com meu pai. Quando pai estava no auge, todo mundo queria estar ao lado dele. Depois teve queda, voltou a subir. Eu já passei por esse ciclo diversas vezes na minha vida. Na vida pessoal, mas na política é pior ainda. O oportunismo de pessoas que querem se aproveitar do seu momento de glória, mas no momento da tristeza largam da sua mão e ainda tentam chutar a sua cabeça. Mas não tem problema, não", afirmou o ex-governador.