NARANDIBA, SP (FOLHAPRESS) – Pela primeira vez no Brasil, cidades serão abastecidas por biometano gerado a partir de sobra da cana-de-açúcar que produz açúcar e etanol.


Presidente Prudente (560 km a oeste da capital paulista) e a vizinha Pirapozinho, com seus 230 mil habitantes, devem contar até o segundo semestre do ano que vem com o biocombustível hoje 45% mais barato do que o que se abastece por lá carros e caminhões.


Distantes a quase 200 km do gasoduto que traz gás natural da Bolívia e corta o estado de São Paulo, a região, já próxima ao Pontal do Paranapanema, receberá um investimento na casa dos R$ 160 milhões.


O combustível será produzido na unidade de Narandiba (60 km ao sul de Presidente Prudente) da usina Cocal, que promete investir R$ 130 milhões no projeto.


Os R$ 30 milhões restantes ficarão com a GasBrasiliano, subsidiária para o governo paulista na distribuição de gás em diversas cidades do estado.


O biometano será produzido por meio da biodigestão do bagaço, da vinhaça e da palha da cana.


Após o processo, o gás chegará por tubulações, que serão viabilizadas de acordo com a demanda dos consumidores das cidades.


A GasBrasiliano deve construir cerca de 65 km de rede de distribuição.


“O projeto viabiliza a chegada do gás a novos municípios a partir de uma nova fonte de suprimento”, afirma o diretor-presidente da empresa, Walter Fernando Piazza Júnior.


De acordo com o diretor-superintendente da Cocal, Paulo Zanetti, “a demanda por biogás tem aumentado significativamente”.


“Identificamos uma tecnologia capaz de garantir a produção por 12 meses. Não apenas no período da safra”, afirma o executivo.


Segundo ele, a usina de Narandiba terá capacidade de oferecer até 67 mil metros cúbicos de biometano por dia.


A demanda desses dois municípios, por enquanto, é de 12,5 mil metros cúbicos, segundo estimativas da GasBrasiliano.


O governo paulista já regulamentou, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, a distribuição de biometano na rede de gás canalizado nos municípios paulistas, de acordo com o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.


“A Arsesp [agência reguladora de saneamento e energia do estado de São Paulo] elaborou em 2017 a deliberação nº 744 para a distribuição de biometano na rede de gás canalizado”, disse o diretor-presidente da agência, Hélio Castro.


A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já havia regulamentado o uso do biometano em janeiro de 2015.


A queima do poluente metano, que minimizaria as emissões de gases estufa na atmosfera, é considerada por pesquisadores e o mercado uma alternativa econômica e ecologicamente correta para incrementar e diversificar a matriz energética nacional.